O coordenador da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Carvalho da Silva, afirmou esta segunda-feira que, com este Governo, o país está a perder toda a capacidade de desenvolvimento social e económico.
«Há uma inflação subavaliada, há uma consideração da inflação europeia que não reflecte a inflação que os portugueses sofrem. Nós sentimos é o agravamento do preço dos nossos produtos, e não o agravamento dos preço em Espanha ou na Alemanha», salientou Carvalho da Silva, durante uma conferência de imprensa destinada a comentar a proposta de Orçamento do Estado para 2005.
O líder sindical sublinhou que uma das prioridades que devia constar do documento era «um crescimento económico significativo, não inferior a três por cento». Carvalho da Silva contrastou que a proposta de OE só prevê um crescimento de 2,4 por cento.
Mesmo este objectivo é «duvidoso», uma vez que é ameaçado pela «ausência de uma política de desenvolvimento que assegure um crescimento sustentado», um «pressuposto irrealista do preço do petróleo», a secundarização do investimento público e uma política para o sector público que assenta nas «privatizações, desmantelamento do sector empresarial e subfinanciamento dos serviços públicos».
A CGTP critica ainda a «incoerência» da política salarial, que se baseia em previsões subavaliadas da inflação e produtividade.
Os desvios para mais entre as taxas de inflação esperada e a verificada - um «falhanço sistemático do Governo» - já excede os cinco pontos percentuais no período entre 1998 e 2003, adiantou.
Sobre o contrato social para a competitividade e o emprego, Carvalho da Silva considerou que as propostas do Governo, à excepção da política de rendimentos, «são apenas um enunciado de intenções, sem compromissos específicos».