José Rodrigues dos Santos lembrou que tem o «dever de isenção» para não comentar «processos políticos». Ouvido pela Alta Autoridade para a Comunicação Social, o director de Informação da RTP disse que apenas tem de os «noticiar».
O director de Informação da RTP não quis fazer grandes comentários às relações entre a comunicação social e o poder político e económico, escudando-se no «dever de isenção» que tem de ter como jornalista.
Após uma audição à porta fechada na Alta Autoridade para a Comunicação Social, José Rodrigues dos Santos referiu aos jornalistas que explicou ao organismo o «enquadramento legal em que se encontra e que tem um dever de isenção».
«O meu trabalho é dar notícias e não as comentar», acrescentou o jornalista que se classificou como uma pessoa não «pressionável». «Recebo queixas de todo o lado, de todas as pessoas que fazem parte das notícias», esclareceu.
«Sou avaliado todos os dias por dez milhões de pessoas, pelo Governo, pela oposição, pelos sindicatos, pelos clubes de futebol, toda a gente avalia o director de informação da RTP», declarou.
José Rodrigues dos Santos disse ainda não ter «medo de não ser director de informação da RTP», apesar de demonstrar vontade de continuar no cargo que ocupa.
«Realizo-me profissionalmente sendo ou não sendo director de Informação da RTP. Mas essa intenção depende de mim e do Conselho de Administração. Basta uma das partes não querer para eu deixar de ser director de Informação», esclareceu.
O responsável máximo pela Informação do canal público afirmou ainda que «não sente» qualquer tentação do poder político em controlar a estação e que não faz qualquer comentário sobre «processos políticos» numa referência ao «caso Marcelo».
«Tenho, sim, o dever de noticias e suscitar debate sobre eles», comentou, lembrando ao mesmo tempo que a «RTP foi a única televisão generalista a fazer um debate sobre o «caso Marcelo».
Questionado sobre se lhe interessaria a colaboração do Professor Marcelo na RTP, Rodrigues dos Santos «naturalmente interessado», mas na condições do ex-comentador da TVI não ser pago, pois é esta a política do canal.
Ainda esta segunda-feira, José Eduardo Moniz é ouvido pela AACS, o mesmo acontecendo na terça-feira com Miguel Paes do Amaral. O director-geral da TVI e o presidente da Media Capital são ouvidos pela segunda vez pelo organismo.