Jorge Sampaio considera que o livro que será lançado esta sexta-feira sobre Melo Antunes é um «documento único». A obra é uma longa entrevista conduzida por Maria Manuela Cruzeiro ao principal ideólogo do Movimento das Forças Armadas.
O Presidente da República saudou o lançamento de um livro de Maria Manuela Cruzeiro sobre Melo Antunes, obra que conta com o prefácio de Jorge Sampaio e que será lançado esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian.
«Melo Antunes - Sonhador Pragmático» é uma longa entrevista ao principal ideólogo do Movimento das Forças Armadas (MFA) e que foi classificado por Sampaio como «um documento único, porque vamos saber várias coisas na sua visão».
«Há um ponto que eu me esqueci de referir no prefácio: ele foi o presidente da Comissão Constitucional, que antecedeu o Tribunal Constitucional, e convivendo ele com juristas da maior qualidade, todos tinham por ele a maior consideração intelectual», acrescentou o chefe de Estado.
Para Ramalho Eanes, que fará a apresentação do livro, a obra sobre Melo Antunes releva a personalidade única do maior autor de Abril.
«O livro é extremamente interessante, porque revela no homem o suficiente para vermos que tinha carácter e que mesmo sendo extremamente progressista conservava fidelidade estrita a princípios como a honra, dignidade e fidelidade», assinalou o ex-presidente da República.
Nesta obra, Melo Antunes revela que o MDLP organizou um atentado contra ele próprio e que só não teve êxito, porque a CIA conseguiu sabotá-lo, algo que Frank Carlucci, embaixador dos EUA em Portugal na altura, e Manuel Macedo, operacional do movimento, negam.
«Melo Antunes sabia que isso não era verdade, porque se o MDLP tivesse decidido que ele teria de ser morto, isso teria acontecido no prazo de duas semanas», afirmou o ex-operacional do MDLP à TSF.
Manuel Macedo indicou ainda que era falsa a existência de «um infiltrado da CIA no MDLP». «Tínhamos um enfermeiro português, que sabíamos que era informador do PCP, e aceitámo-lo porque o passamos a usar com uma pessoa que levava a contra-informação que pretendíamos dar ao PCP e nesse caso à CIA», concluiu.