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Lopes Guerreiro fica no PCP apesar das discordâncias

O autarca renovador Lopes Guerreiro afirmou este sábado que se manterá militante do PCP, apesar de discordar da orientação oficial do partido e de se considerar alvo de «falta de respeito» e de «solidariedade» durante o XVII Congresso.

Reagindo aos assobios que recebeu pela sua intervenção na sessão da manhã no XVII Congresso do PCP, Lopes Guerreiro disse não ter ficado surpreendido.

«É o clima de falta de respeito e de solidariedade de que falei na minha intervenção. Acho normal, é o que se vê, não sou eu que procuro», afirmou, em declarações aos jornalistas, à saída do Pavilhão de Desportos de Almada, no final da sessão da manhã do XVII Congresso do PCP.

Questionado sobre se continua no PCP depois de as suas propostas terem sido rejeitadas pela direcção, Lopes Guerreiro assegurou que irá manter-se militante.

«Vou continuar. As ideias que defendo não são de agora e vou continuar a defendê-las dentro e fora do partido», afirmou.

Na sua intervenção, Lopes Guerreiro defendeu o «aprofundamento da democracia interna» através da adopção do voto secreto em todas as eleições no partido e a possibilidade de 500 militantes poderem convocar um congresso extraordinário e apresentar listas alternativas para os órgãos de direcção.

À saída do Complexo Municipal de Desportos, Lopes Guerreiro, que dentro do recinto recebeu apupos e aplausos, provocou novamente divisões entre os outros militantes.

Fernando Vicente, antigo organizador da Festa do Avante! que deixa o Comité Central neste Congresso, associou-se às preocupações manifestadas por Lopes Guerreiro.

«Associo-me às preocupações que ele manifestou", afirmou, sublinhando que os apupos de que o autarca foi alvo demonstram «um clima que não pode representar o PCP».

Domingos Abrantes discorda de Lopes Guerreiro

Ao contrário, em declarações aos jornalistas, o dirigente da comissão política e do secretariado Domingos Abrantes sublinhou que «a realidade do partido não se pode medir por Lopes Guerreiro», mas lamentou os assobios dirigidos ao autarca.

«Deve haver respeito pela sua opinião, por mais abstrusa que possa ser», disse, salientando que as posições de Lopes Guerreiro são minoritárias dentro do PCP.

«Há muitos milhares de camaradas que não têm essa opinião. Porque é que Lopes Guerreiro, por ser crítico em relação às orientações do partido, há-de ter um estatuto especial?», questionou.

Para Domingos Abrantes, a generalidade das propostas apresentadas por Lopes Guerreiro não poderiam ser aceites pelo PCP, por «nem sequer serem exequíveis».

Este dirigente comunista acusou também, este sábado, PS, PSD e CDS de desenvolverem uma «política anticonstitucional, antidemocrática e contrária aos valores e às conquistas de Abril», dando como exemplo a reforma do sistema político.

«A chamada reforma do sistema político constitui um brutal atentado ao regime democrático», acusou o membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central do PCP, no XVII Congresso dos comunistas, que decorre até domingo em Almada.

Redação