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Milhares de pessoas na última homenagem

Duas a três mil pessoas participaram, este sábado, no funeral do mação e fundador do PS Fernando Valle, que foi sepultado em campa rasa e sem cerimónias religiosas no cemitério de Coja, Concelho de Arganil.

O antigo Presidente da República Mário Soares, o secretário-geral do PS, José Sócrates, e o ministro-adjunto do primeiro-ministro, Rui Gomes da Silva, em representação do Governo, incorporaram-se no cortejo fúnebre.

Antes de o corpo descer à terra, usou da palavra, em primeiro lugar, o grande secretário do Grande Oriente Lusitano, Fernando Cabecinha, seguindo-se Almeida Santos, presidente do Partido Socialista.

«Que todos nós saibamos honrar o exemplo de vida de Fernando Valle em liberdade, igualdade e fraternidade», disse Fernando Cabecinha, abraçado a Mário Valle, filho do falecido.

No cemitério, a inesperada intervenção de Emídio Guerreiro, antigo dirigente da LUAR e fundador do PSD, de 105 anos, também mação e amigo de Fernando Valle, constituiu o momento de maior comoção da cerimónia.

Vários membros do Grande Oriente Lusitano colocaram, sobre o caixão, ramos de acácia, um dos símbolos universais da maçonaria.

«Fernando Valle não morreu, está no sonho eterno e vive na memória e no coração de todos os portugueses», disse Emídio Guerreiro, confessando a sua dificuldade em pronunciar as palavras.

O coronel Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, também usou da palavra, recordando a acção de Fernando Valle na luta contra a ditadura.

Ao fazer o elogio do presidente honorário do PS, António Almeida Santos referiu que ele sempre foi, desde a candidatura do general Norton de Matos a Presidência da República, em 1949, a sua «referência humana e política».

«Empobreceu a exercer a Medicina, o que é talvez um caso único no mundo», sublinhou Almeida Santos, considerando que o amigo «viveu como um santo laico» e que ele tinha «um sentido místico muito apurado».

O ex-secretário-geral socialista Ferro Rodrigues, o sindicalista e fundador da CGTP Kalidás Barreto e o médico comunista Louzã Henriques foram outros dos amigos de Fernando Valle que integraram o cortejo fúnebre.

O Presidente da República, Jorge Sampaio, não participou no funeral, mas deslocou-se a Coja, horas antes, para lhe prestar a última homenagem.

«Tínhamos a sensação que o senhor doutor era quase intemporal», disse o Chefe de Estado aos jornalistas.

Sampaio expressou o seu «sentimento de grande tristeza, mas também de grande admiração» por Fernando Valle sublinhando que «era uma pessoa notável».

Redação