O PS considera que a substituição do director-geral adjunto do Serviço de Informação e Segurança (SIS) levanta uma suspeita de violação da neutralidade e partidarização dos serviços secretos. O PCP concorda e considera esta medida governamental «ilegítima».
O PS vai entregar, esta terça-feira, dois requerimentos na Assembleia da República para pedir explicações ao Governo e ao primeiro-ministro, Santana Lopes, por causa do afastamento do director-geral adjunto do SIS, Arménio Marques Ferreira.
O deputado socialista, Vitalino Canas (na foto), considera que esta medida pode significar um indício de partidarização dos serviços de informação, que tem que ser clarificado.
«Entendemos que os contornos desta situação podem configurar uma violação da neutralidade dos serviços de informações, uma partidarização, que seria inédita na democracia portuguesa», acusou.
Vitalino Canas garante que ainda hoje vai apresentar dois requerimentos na Assembleia da República, exigindo explicações «urgentes» tanto ao primeiro-ministro, Santana Lopes, como a Domingos Jerónimo.
«É necessário saber se o novo secretário-geral do Sistema de Informações da República foi consultado ou não sobre esta substituição tão repentina», adiantou.
O PS estranha também a altura em que acontece esta substituição, quando o Presidente da República se prepara para dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.
PCP preocupado
Tal como os socialistas, também os comunistas se mostram preocupados com o afastamento do director-geral adjunto do SIS. O deputado António Filipe acusa o Governo de assalto partidário à instituição, sublinhando que o Executivo não pode tomar decisões deste calibre, ainda mais porque está de saída.
«Estamos perante uma situação gravíssima, desde logo um Governo que não tem legitimidade para fazer as alterações na chefia do SIS e depois estamos perante uma operação de um verdadeiro assalto partidário», defendeu.
«Não faz sentido nenhum e é admissível que numa instituição destas que tem que estar acima de toda a suspeita haja uma operação de substituição de chefias com o objectivo de lá colocar pessoas de confiança neste caso de um dos partidos da coligação governamental, o CDS-PP», acrescenta.
O PCP ainda não decidiu formas de actuação sobre este caso, mas admite também apresentar um requerimento na Assembleia da República.
Uma fonte oficial, contactada pela TSF, desdramatiza o afastamento do director-geral adjunto do SIS, adiantando que é um «reajuste» do novo modelo de organização destes serviços.
Bloco de Esquerda alerta Presidente da República
Pelo Bloco de Esquerda, o deputado Luis Fazenda também questiona a legitimidade do Governo para fazer esta alteração e chama a atenção do Presidente da República para esta situação.
O partido vai solicitar, ainda esta terça-feira, na comissão de assuntos constitucionais, a presença da directora-geral do SIS e do ministro da Administração Interna.