Jorge Sampaio defendeu esta quarta-feira que o Presidente da República passe a ter o poder de nomear os presidentes das várias entidades reguladoras, sob proposta do Governo, para as tornar mais independentes e «acima de qualquer pressão».
«Hoje inclino-me, e posso dizê-lo porque estou na ponta final daquilo que me é dado fazer por mandato popular, para que a entidade reguladora, não a da medicina, mas todas, seja o resultado de uma proposta do Governo e de uma nomeação do Presidente da República», declarou Jorge Sampaio, na sessão solene da comemoração do 50º aniversário do Hospital de Santa Maria.
«As entidades reguladoras das várias actividades que estão em curso têm de estar ao abrigo de alguns comentários que tenho ouvido em relação a elas», justificou o Presidente da República, na Aula Magna do Hospital de Santa Maria, apontando como exemplo «comentários no sentido de as mandar calar», feitos por «um grande financeiro».
O Presidente da República referia-se à notícia do semanário Expresso de sábado passado, na qual o maior accionista da PT, Patrick Monteiro de Barros, criticava o presidente da Autoridade da Concorrência do sector.
«Ele tem dois problemas: incontinência verbal e uma necessidade extraordinária de aparecer todos os dias nos jornais. O papel dele é trabalhar, não é estar a dar entrevistas», afirmava Monteiro de Barros, criticando ainda Abel Mateus por ter mandado a Polícia Judiciária proceder a buscas na sede da PT.
Jorge Sampaio defendeu que os presidentes das entidades reguladoras sejam designados «juntando, como acontece em várias entidades, nomeadamente o Procurador-Geral da República, uma proposta do Governo e a nomeação do Presidente da República», para que estas tenham «a independência necessária para fazer uma regulação justa».
«Que o próximo tenha essas possibilidades, porque nós precisamos de reguladores acima de qualquer suspeita, acima de qualquer interesse», concluiu.