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Manuel Abrantes critica que ex-provedor não tenha sido ouvido

Manuel Abrantes, ex-provedor adjunto da Casa Pia e arguido do processo de pedofilia, criticou esta terça-feira as razões pelas quais o antigo provedor Luís Rebelo, que esteve no cargo quase 16 anos, não foi ouvido pela Assembleia da República.

Manuel Abrantes, que falava à entrada do Tribunal de Monsanto ao início do quarto dia de julgamento, interrogou porque é que Luís Rebelo, de quem se diz amigo, não foi ouvido na fase de inquérito do processo e pelos deputados da Assembleia da República nas audições realizadas desde que o escândalo rebentou em Novembro de 2002.

«Deveria ter acontecido [audição na Assembleia da República], mas isto é um problema político», afirmou o arguido, que entretanto arrolou Luís Rebelo como sua testemunha no processo.

Manuel Abrantes afirmou não perceber porque razão os deputados entenderam ouvir todos os secretários de Estado que tutelaram a Casa Pia ao longo dos diversos Governos e a actual provedora da instituição, Catalina Pestana, no início de 2003, e considera «estranho que não tenham querido ouvir a pessoa que mais tempo esteve como dirigente da instituição».

«Francamente faz-me espécie. Não bate a bota com a perdigota», afirmou Manuel Abrantes, para quem faz confusão que Luís Rebelo nunca tenha sido ouvido também no inquérito deste processo.

Manuel Abrantes disse, ainda que, durante os meses que durou o processo de inquérito, desenvolveu uma investigação cujos pormenores pretende apresentar em tribunal para provar a sua inocência.

«Entendo que a acusação resulte de um inquérito e quando tive conhecimento dele cheguei à infeliz conclusão que muita coisa ficou de fora para se apurar a verdade. É evidente que não podia ficar quieto», explicou.