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Esquerda chumba orçamento pela primeira vez

A esquerda, que detêm a maioria na Assembleia Municipal de Lisboa, chumbou esta terça-feira, numa atitude inédita, o orçamento para 2005 do executivo camarário PSD-CDS/PP, que ficará a gerir as contas com o orçamento deste ano.

Numa decisão inédita na história do município lisboeta, os deputados municipais do PS, PCP, «Os Verdes» e Bloco de Esquerda (BE) rejeitaram o orçamento municipal, no valor de 821 milhões de euros, mais seis por cento que o de 2004.

No próximo ano, a Câmara de Lisboa, liderada por Carmona Rodrigues, ficará assim a gerir as contas da autarquia tendo por base o orçamento de 2004, que será sujeito a alterações orçamentais consecutivas.

Miguel Coelho, o líder da bancada socialista na Assembleia Municipal, justifica o voto contra um aumento do nível de endividamento da autarquia e lamenta que a câmara não tenha negociado de modo a evitar esta situação.

Fontão de Carvalho, vereador com a pasta das finanças, resume tudo a uma questão política e recusa os argumentos utilizados pelo PS.

«O que aconteceu este ano é que houve um desfazamento na realização da receita que não permitiu o pagamento de todos os compromissos da Câmara, mas o Orçamento para 2005 ia englobar a resolução de todas estas situações», explicou.

O município poderia apresentar à votação deste órgão municipal uma nova versão do orçamento, mas a hipótese foi excluída por Carmona Rodrigues.

«Não ouvi (da parte da oposição) propostas alternativas concretas que nos permitissem dizer que traríamos um segundo orçamento, que incluísse as sugestões», sustentou o autarca.

Carmona Rodrigues lamentou a reprovação do documento, que disse ser «razoável, ponderado e de continuidade» de programas e acções que o executivo já estava a concretizar.

O autarca garantiu, no entanto, que a decisão não afectará a acção da Câmara de Lisboa.

«Não será por isso que deixaremos de dar continuidade ao que está em curso, de cumprir compromissos assumidos, de encontrar soluções e dar resposta aos anseios de que Lisboa seja uma cidade onde se possa viver melhor», frisou.