O PS considera que o desentendimento entre Nobre Guedes que ameaçou demitir-se e Santana Lopes vem provar a falta de liderança do primeiro-ministro. O BE diz que PSD e CDS-PP estão a entrar numa guerra eleitoral.
O porta-voz socialista, Pedro Silva Pereira, explica porque estamos perante um caso que considera original.
«É um caso inédito de uma crise política num Governo de gestão com um ministro que já está demissionário e ameaça demitir-se. Tudo isto é original. Quando um ministro faz um ultimato ao primeiro-ministro das duas uma: ou o ministro vem imediatamente desmentir essa notícia ou então o primeiro-ministro tem de demitir imediatamente o ministro», explicou.
Pedro Silva Pereira diz que «como nada disto aconteceu» o episódio relatado pelos meios de comunicação social só pode significar uma «falta de liderança do primeiro-ministro que já nem impõe respeito aos ministros do seu Governo».
O porta-voz do PS considera ainda que aquilo que está em causa é apenas a «rectificação de um erro de Durão Barroso».
«A decisão do ministro de não construir a incineradora de resíduos urbanos da região centro não é mais do que revogar uma decisão que tinha sido tomada e anunciada pelo Governo de Durão Barroso em Julho de 2003, do que estamos a falar é do reconhecimento de um erro por parte do Governo. A única conclusão a que o país pode chegar no final de três anos com esta maioria é que se perdeu este tempo», acrescentou.
Governo usa estratégia madeirense, diz BE
Francisco Louçã, do BE considera que este caso demonstra o combate político que se avizinha entre o PSD e o CDS-PP.
Os dois partidos «estão em guerra na preparação de eleições e por isso o primeiro-ministro do PSD vigia as conferências de imprensa dos ministros do PP. Se fosse Carnaval ninguém levaria a mal, mas enfim é Natal e um ministro de um Governo que se demitiu anuncia demitir-se. Já tudo é possível», adiantou.
Francisco Louçã lamenta ainda o tempo que se perdeu sem definir uma solução para os lixos domésticos da região centro.
«Nobre Guedes é ministro há pouco tempo, nada concretizou durante os anos anteriores, os vários muitos ministros do ambiente, da direita, também nada fizeram. Perdemos tempo, como tínhamos perdido tempo anteriormente com uma má solução, a co-incineração», adiantou.
«À última da hora o ministro quer mostrar algum trabalho feito, o Governo quer marcar o terreno da política eleitoral, hoje com este anúncio, ontem com o encarte nos jornais acerca da publicidade sobre o orçamento. Tratam-se de medidas madeirenses, o Alberto João Jardim anunciar muitas medidas, faz muita publicidade na véspera das eleições, para mostrar que fez o que não fez», acrescentou o líder bloquista.