O PS decidiu viabilizar o pedido do Bloco de Esquerda para que seja criada uma comissão parlamentar de inquérito ao caso do «Envelope 9», relacionado com a listagem das chamadas de altas individualidades do Estado anexado ao processo da Casa Pia.
O deputado socialista Ricardo Rodrigues considera que não é necessário ouvir Souto Moura nesta comissão de inquérito, na medida em que tudo o que o antigo Procurador-Geral da República já disse permite perceber que pouco sabe sobre o caso do «Envelope 9».
«Se houver extrema necessidade virá, mas só em caso de se perceber que será útil para o esclarecimento da verdade. Em termos pessoais, não me parece útil, porque julgo que não será esse senhor a ter conhecimento do assunto. Posso mudar de opinião se em determinadas circunstâncias se perceber que afinal há possibilidade de interrogatório útil», afirmou.
O responsável adianta ainda que o PS admite avançar com alterações legislativas que evitem situações como aquelas que se verificaram no caso deste «Envelope 9».
«Queremos saber tudo o que esteja relacionado com os direitos individuais dos cidadãos e do procedimento que teve lugar, para que não se repita algo idêntico. O que é público hoje é que saíram nomes de pessoas com as suas conversas telefónicas transcritas em jornais e ninguém tem responsabilidade sobre essa matéria», lembrou.
Ricardo Rodrigues reforçou que «é preciso prevenir» de modo a evitar situações embaraçosas como as que se criaram.
«Se tivermos que fazer alguma lei que inviabilize que situações idênticas possam acontecer é isso que faremos», acrescentou.
Fora do âmbito da comissão de inquérito, questionado sobre uma futura audição parlamentar do novo procurador-geral da República, Ricardo Rodrigues defendeu que «é preciso dar tempo ao tempo» e que Pinto Monteiro não deve ser chamado «no imediato».