O Governo conta com o CDS-PP para uma abstenção quando for votada no Parlamento a Lei das Finanças Locais, embora tenha passagem garantida pela maioria socialista. O deputado do PSD, Miguel Relvas, acusou o ministro António Costa de fazer uma «sedução light» aos populares.
A proposta de lei para as Finanças Locais esteve, esta quarta-feira, em debate na Assembleia da República.
Muito crítico em relação às outras bancadas da oposição, sobretudo para o PSD, o ministro do Estado e da Administração Interna, António Costa, foi mais sereno no diálogo com o CDS.
Na bancada centrista admite-se que o Governo criou condições para que os populares optem pela abstenção, esta quinta-feira, na votação da Lei das Finanças Locais.
O ministro da Administração Interna viu com bons olhos algumas propostas que o CDS vai apresentar na especialidade, como por exemplo a criação de um fundo de calamidade.
Irónico o deputado social-democrata, Miguel Relvas, sublinhou as manobras de sedução do ministro pelo meio de um fogo cruzado.
«Parecia uma figura da banda desenhada que dispara mais depressa do que a sua própria sombra, disparou para todas as bancadas, com preocupação pelo PSD, com uma sedução light para o CDS», afirmou.
De frente para o ministro, António Carlos Monteiro, dos populares, deixou o aviso: «Que fique claro, o CDS-PP não faz fretes ao Governo, mas não é sindicato das autarquias locais».
O debate ficou ainda marcado pelo tom azedo trocado entre António Costa e Bernardino Soares, do PCP, depois do ministro ter trazido para a discussão a recente substituição do autarca de Setúbal.
«É preciso muita lata para virem aqui acusar o Governo de querer vir governamentalizar os municípios e reduzi-los a meros departamentos num partido que ainda recentemente reuniu o comité central para demitir um presidente de Câmara eleito pelo povo de Setúbal», acusou.
Bernardino Soares respondeu: «Certamente o seu partido pode ter apreciações políticas sobre esta matéria, mas pode ter a certeza que como em outros municípios, como na Assembleia da República, como em qualquer instituição, os eleitos comunistas que estiveram e estão na Câmara de Setúbal cumprirão os seus compromissos e serão julgados pela população quando acabar o mandato, que é aquilo que acontece nas democracias».
Apesar das críticas da oposição, o diploma tem aprovação garantida com os votos da maioria do PS e pode vir a contar também com a eventual abstenção do CDS.