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"Amiga colorida" de Marçal com problemas de memória

Maria, uma "amiga colorida" de Hugo Marçal, testemunhou esta quinta-feira novamente no julgamento do processo Casa Pia, afirmando que «objectivamente» não se recordava quais os fins-de-semana que passou com o arguido, contrariando o que afirmou na audição anterior.

Depois de, na passada segunda-feira, Maria ter dito que conheceu Hugo Marçal na primeira semana de Janeiro de 1999 em Lisboa, e que os dois encetaram uma "amizade colorida" que durou até finais de Maio desse ano, hoje voltou ao tribunal que julga o processo Casa Pia, mas prestou um depoimento com contradições e falhas de memória.

Questionada pelo Procurador do Ministério Público (MP), João Aibéo, Maria afiançou que passou vários fins-de-semana com Hugo Marçal em Coimbra, onde este estava a tirar um mestrado, e que iam à sexta-feira à noite, regressando a Lisboa aos domingos.

Mas, passados segundos, Maria já não tinha tanta certeza, depois de João Aibéo a confrontar com a lista de presenças desse mestrado, na qual a assinatura de Hugo Marçal aparecia em 11 sextas-feiras, entre Janeiro e Março de 1999.

«Estava convencida que as aulas eram ao sábado», começou por afirmar, acrescentando depois que, possivelmente, Hugo Marçal ia de Elvas a Coimbra para assistir às aulas de sexta-feira e que vinha depois buscá-la a Lisboa, concluindo no final com um «não me recordo».

«E o regresso de Coimbra a Lisboa?», perguntou João Aibéo. «Ao sábado», respondeu Maria.

É que o registo das Vias Verdes (apresentado por Hugo Marçal) dava, nesse período, a entrada para Coimbra à sexta-feira e o regresso, «invariavelmente», ao domingo, disse o representante do MP.

«Não tenho a certeza, mas também gostávamos de vir ao sábado», respondeu Maria.

Foi assim praticamente todo o depoimento da testemunha, que na segunda-feira garantiu, e hoje reafirmou, ter passado quase a totalidade dos fins-de-semana de Janeiro a Maio de 1999 com Hugo Marçal.

De acordo com a acusação, em alguns fins-de-semana deste período, Hugo Marçal estaria em Elvas, na casa da também arguida Gertrudes Nunes, a participar em actos sexuais envolvendo menores da Casa Pia, em conjunto com outros adultos.

Hoje Maria esclareceu o significado da palavra "amizade colorida": era uma amizade muito baseada na «curiosidade intelectual», e que embora passassem quase todos os fins-de-semana juntos, na maioria em hotéis, não tiveram relações sexuais ("coito", na palavra da testemunha) e dormiam em camas separadas, porque Hugo Marçal era casado.

Redação