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«Sou contra a ideia de todos os muros»

Portugal vai subscrever, no domingo, a crítica dos países ibero-americanos à construção pelos Estado Unidos de um muro na fronteira com o México. O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, afirmou que é «contra a ideia de todos os muros».

Os países que participam na XVI Cimeira Ibero-Americana vão assinar uma resolução, onde propõem aos Estados Unidos que reconsiderem a construção do muro ao longo da fronteira com o México.

Numa reunião onde as migrações são o prato forte, este documento vai ter a assinatura do ministro da Negócios Estrangeiros português. Uma posição que Luís Amado assume contra todos os muros.

«Também sou contra a ideia da Fortaleza Europa que se tem desenvolvido por força da pressão migratória. Sou contra a ideia de todos os muros», defendeu.

No mundo em que vivemos, Luís Amado considera que existe «a necessidade absoluta» de ultrapassar obstáculos «numa óptica de integração, de diálogo, de promoção do desenvolvimento e não de uma forma defensiva e reactiva».

Sem oito líderes e sem as vedetas destas cimeiras, Hugo Chavez e Fidel Castro, este encontro tem servido para se discutir as migrações.

Sobre a Declaração de Montevideu sobre migrações - documento que será aprovado domingo pelos chefes de Estado e de Governo da Comunidade Ibero-Americana -, Luís Amado admitiu que Portugal e Espanha demonstraram «uma sensibilidade diferente» ao longo das negociações.

Ao contrário dos portugueses e espanhóis, países como o México, Argentina e Venezuela defenderam a posição (não aceite) de que os países receptores deveriam abdicar de fazer uma distinção no tratamento entre imigrantes documentados e ilegais.

«Não diria que a declaração final sobre migrações é politicamente correcta. A declaração é sobretudo exigente do ponto de vista das responsabilidades do sistema internacional, tendo em vista a correcção dos enormes desequilíbrios ao nível do desenvolvimento económico mundial», afirmou Amado.

Na cimeira que se realiza em Montevideu, os países ibero-americanos têm também lançado charme a Portugal, que está prestes a presidir à União Europeia, e é visto como uma porta de entrada para novos relacionamentos na Europa.

Este posicionamento ficou evidente no encontro do primeiro-ministro, José Sócrates e do presidente da República, Cavaco Silva, com o chefe de Estado da Colômbia, Álvaro Uribe.

Nesta ocasião, os colombianos pediram às autoridades portuguesas uma compreensão especial no que se refere ao combate ao narcotráfico e segurança interna.

Redação