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Comentários PSD foram de «grande infelicidade», diz Sócrates

O primeiro-ministro, José Sócrates, classificou, esta segunda-feira, como «um momento de grande infelicidade na vida política portuguesa» os comentários do vice-presidente social-democrata, Azevedo Soares, e do líder do PSD, Marques Mendes, sobre uma reunião que manteve com o Procurador-Geral da República (PGR).

José sócrates disse que o comentário de Marques Mendes - que pediu uma audição no parlamento do PGR e do director nacional d PJ - sobre o combate à corrupção foi um «momento de grande infelicidade na vida política portuguesa».

O primeiro-ministro referiu-se também à acusação, proferida pelo PSD ao semanário Sol, de que «o Governo tinha dado mais uma prova da sua vontade obsessiva de interferir no funcionamento da Justiça», ao convocar o PGR para uma reunião, em São Bento.

«Tratou-se de uma reunião de trabalho (...) para discutir os meios que a Procuradoria-Geral da República deve ter para tratar com processos complexos, onde é preciso uma grande ambição, para que esses processos cheguem ao fim rapidamente», sublinhou o primeiro-ministro.

Na edição de sábado do Sol, o PSD acusou o Governo de ter interferido de forma «absolutamente inaceitável» no processo Operação Furacão que está a investigar quatro bancos portugueses (BES, Millennium BCP, Finibanco e BPN), ao chamar o PGR a São Bento.

De acordo com aquela edição do semanário, o primeiro-ministro chamou Pinto Monteiro, a São Bento, por estar «preocupado com a imagem negativa da Banca» neste processo.

Segundo o semanário, na reunião, todos concordaram na necessidade de concluir rapidamente a 'Operação Furacão', acrescentando que o PGR «está a tomar medidas».

«É grave que o Governo tenha dado mais uma prova da sua vontade obsessiva de interferir no funcionamento da Justiça quando está em causa um caso concreto», defendeu o vice-presidente do PSD Azevedo Soares, em declarações à Lusa.

Para o dirigente social-democrata, «pressionar as investigações de um processo específico é absolutamente inaceitável».

«É preocupante que o PGR tenha consentido em discutir com o poder político uma investigação concreta em curso. A imagem de autonomia do Ministério Público pode ser prejudicada», alertou.

O vice-presidente social-democrata sublinhou ainda que «para o PSD, mais importante que a imagem dos bancos é a imagem da Justiça». «Com almoços destes, a Justiça não sai reforçada», lamentou.

De acordo com o jornal Sol, José Sócrates convidou Pinto Monteiro para um almoço, realizado na semana passada em São Bento, no qual estiveram também presentes os ministros da Justiça e das Finanças.

Redação