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Agitação na bancada parlamentar do PCP

Luísa Mesquita recusou o pedido da direcção do PCP para abandonar o Parlamento. O líder da bancada parlamentar, Bernardino Soares, adiantou que por este motivo a «confiança política» na deputada ficou beliscada.

O PCP decidiu renovar a bancada parlamentar. Luísa Mesquita, eleita pelo distrito de Santarém, que deveria ser substituída no Parlamento não gostou da ideia e recusou abandonar o lugar que ocupa.

Bernardino Soares explicou que na formação de listas para as eleições legislativas todos os candidatos, incluindo Luísa Mesquita, comprometeram-se a aceitar uma possível substituição se tal fosse entendido oportuno pela direcção do PCP.

«A disponibilidade do mandato em função das necessidades e no respeito pelas orientações do PCP é um princípio básico dos comunistas no exercício de cargos públicos consubstanciado na assinatura de um compromisso escrito com inegável valor ético e político», disse Bernardino Soares, em conferência de imprensa.

O dirigente comunista prosseguiu: «Apesar disso a deputada Luísa Mesquita informou recusar a aceitação da sua substituição. Esta recusa constitui uma violação dos princípios e compromissos que presidem ao funcionamento do PCP português e seu grupo parlamentar para a qual não encontramos qualquer justificação.»

Bernardino Soares adiantou que com esta atitude de Luísa Mesquita, de quem elogiou o trabalho parlamentar na área da Educação, a confiança política na deputada sai «beliscada».

«Com esta atitude a deputada Luísa Mesquita quebra uma parte fundamental dos vínculos de confiança política que devem vigorar dentro de um mesmo grupo parlamentar levando a que se torne incontornável uma reconsideração das elevadas responsabilidades políticas e parlamentares que até aqui tem exercido», disse.

Bernardino Soares adiantou que desta forma vai ser «realizada uma reorganização das tarefas no grupo parlamentar».

A deputada vai sair da comissão parlamentar da Educação e da comissão de Negócios Estrangeiros e ser transferida para a comissão da Saúde, área pela qual Bernardino Soares é o coordenador.

O líder parlamentar do PCP afirmou que a atitude da deputada «constitui um sério problema político com inevitáveis consequências no plano do relacionamento com o partido».

As consequências políticas da atitude de Luísa Mesquita não vão ultrapassar os planos anunciados, garantiu também Bernardino Soares.

«Não há mais nenhuma consequência em cima da mesa a não ser estas que estão aqui expressas.»

A TSF conseguiu falar com a deputada Luísa Mesquita que explicou não ter acatado a decisão da direcção, por não ter compreendido os motivos.

«Estou no exercício de um mandato para que fui eleita em 2005 com uma expectativa de mandato que terminaria em 2009», alegou.

«A proposta de renúncia não tem como sustentação nem falta de confiança política no meu trabalho nem uma avaliação negativa, antes pelo contrário, e portanto não entendo», acrescentou.

Luísa Mesquita garantiu ainda que não tem nenhum compromisso com o PCP para que abandone o lugar em 2006.

A deputada afirmou também que para ser substituída seria necessário «haver um mínimo de sustentação», porque «não se considera uma peça movível sem nenhuma razão de um momento para o outro».

O líder parlamentar dos comunistas anunciou também a substituição de Abílio Fernandes no início de 2007 pelo segundo na lista de Évora, João Oliveira, e a substituição de Odete Santos por Bruno Dias, candidato seguinte na lista de Setúbal.

Redação