O ministro da Defesa afirmou este sábado estar «tudo esclarecido» sobre a carta enviada pelo Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), sublinhando a relação de «confiança» e «transparência» que tem com o almirante Mendes Cabeçadas.
«Está tudo esclarecido. Entre o CEMGFA e o ministro da Defesa sempre existiu uma relação muito estreita, de confiança e transparência», afirmou o ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, em resposta aos jornalistas sobre a divulgação de uma carta do almirante Mendes Cabeçadas.
No memorando, o almirante Mendes Cabeçadas resume preocupações manifestadas pelos quatro chefes de Estado-Maior relativamente a medidas restritivas preconizadas para os militares.
No documento, enviado a 09 de Novembro ao ministro da Defesa, entre outras matérias, o CEMGFA alerta que a «recente tendência de igualização dos militares a funcionários civis contribuirá necessariamente para que sejam minados os fundamentos éticos dos deveres militares».
Hoje, em declarações aos jornalistas na base aérea do Montijo, onde se deslocou para receber o contingente militar português que esteve na República Democrática do Congo, Nuno Severiano Teixeira considerou «natural» que o CEMGFA lhe tivesse feito chegar as preocupações das chefias militares.
«O que não é natural é [a carta] ter vindo a público», acrescentou, sublinhando que, tal como o CEMGFA, «gostava de saber como tinha vindo a público».
Instado a comentar a entrevista do CEMGFA ao Diário de Notícias e à TSF, na qual o almirante Mendes Cabeçadas defendeu o fim do complemento de pensões aos militares, Nuno Severiano Teixeira disse que a revogação desta regalia para os antigos combatentes está ainda em aberto.
«É uma questão em cima da mesa», afirmou, recordando que se trata de uma lei da Assembleia da República e que qualquer alteração terá de recolher «um consenso parlamentar».
Contudo, acrescentou o ministro da Defesa, «é sempre preciso fazer opções», porque «os recursos não são ilimitados».
Também presente à margem da chegada dos militares portugueses que estiveram na República Democrática do Congo, o CEMGFA escusou-se a falar sobre a divulgação da carta que endereçou ao ministro da Defesa, recusando ter levantado qualquer suspeita na entrevista sobre a forma como a missiva veio a público.
«Não levanto suspeição nenhuma», disse o almirante Mendes Cabeçadas, que na entrevista ao Diário de Notícias e à TSF diz que a divulgação foi «extremamente restrita» e que apenas tiveram conhecimento do memorando o ministro da Defesa e cada um dos chefes de Estado-Maior.
Ao contingente militar português que integrou a missão da União Europeia (EUFOR) durante o processo eleitoral na República Democrática do Congo (RDCongo, ex-Zaire) e que regressou hoje de manhã a Portugal, Nuno Severiano Teixeira fez questão de sublinhar «o orgulho» que o país tem no trabalho que desenvolveram.
O grupo de militares incluía 24 fuzileiros do destacamento de acções especiais da Marinha e 17 militares da Força Aérea.