O CDS-PP criticou esta quarta-feira o PS por causa do cancelamento da audição do ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Jorge vasconcelos, e acusou o socialista João Cravinho de ter sido um notário do Governo nesse processo.
Numa declaração em plenário, o deputado do CDS-PP Diogo Feio acusou a bancada do PS de «servir como simples meio para atrasar audições pretensamente incómodas» e ficar «impávida e serena» perante este caso, pedindo-lhe que «seja democrata».
Dirigindo-se depois ao presidente da Comissão de Assuntos Económicos, João Cravinho, que cancelou a audição de Jorge Vasconcelos agendada para terça-feira após o Governo o ter dispensado do cargo, Diogo Feio defendeu que se lhe exige «uma postura crítica».
«Não percebeu que em toda esta questão aparece como um notário que põe o carimbo da impossibilidade na audição? Nada terá a dizer? Quais as razões para todo este silêncio? A disciplina partidária vale assim tanto?», questionou o deputado do CDS-PP.
Diogo Feio referiu-se ao despacho do ministro da Economia que dispensou o presidente demissionário da ERSE do cargo como «mais uma medida embaraçosa» e desafiou os partidos a agendar ainda para este mês a audição de Jorge Vasconcelos a título individual.
Não houve nenhuma reacção a este desafio, mas o PS pediu a palavra para reagir às declarações do deputado do CDS-PP, bem como João Cravinho, que afirmou que Diogo Feio «há-de arrepender-se do que acaba de dizer» mas evitou comentar a decisão do ministro.
Cravinho salientou que «a audição agendada para terça-feira era do presidente da ERSE e não do engenheiro Jorge Vasconcelos, que já não coincidia com o presidente da ERSE» a partir do momento em que o ministro da Economia usou a referida prerrogativa.
«Se usou bem ou mal não é da minha vida», concluiu.
O PSD, através de Miguel Frasquilho, acusou o PS de «tiques de autoritarismo e centralismo» e o deputado do BE Francisco Louçã frisou a «eficácia» com que o despacho de Manuel Pinho chegou ao ministro dos Assuntos Parlamentares e a
o presidente da Comissão de Economia.
No final da discussão, João Cravinho interrogou a mesa sobre «se um presidente de comissão pode ser censurado e vexado em plenário, em público por cumprir exactamente o regulamento», levando Diogo Feio a afirmar que a sua intervenção «não foi vexatória».