No Bloco de Esquerda ecoam já as críticas por parte de alguns militantes ligados à Mesa Nacional por causa do acordo entre o PS e o Bloco de Esquerda para a Câmara de Lisboa.
A insatisfação surge nos sectores do Bloco de Esquerda ligados à Ruptura-FER, corrente que aliada a um movimento de independentes e sindicalistas, elegeu no último congresso do BE 12 elementos em 80.
Um dos críticos António Grosso disse à TSF que ficou surpreendido com a «cambalhota» de Sá Fernandes.
«Todos os discursos, principalmente da parte final da campanha de Sá Fernandes, foram contra o PS, o Governo do PS e a política do António Costa. É surpreendente que agora se dê esta cambalhota. Para que ela tivesse aprovação haveria que reunir pelo menos a Mesa Nacional do BE», defendeu.
A única reunião extraordinária realizada foi a da concelhia de Lisboa, onde o acordo foi aprovado com seis votos e quatro bloquistas votaram contra, salientou ainda António Grosso.
Uma outra voz discordante é Gil Garcia, que ouvido pela Agência Lusa, argumentou que o acordo «vai no sentido contrário à orientação política» aprovada na convenção de Junho.
«Com este acordo, o Bloco cedeu ao PS e não se afirma como alternativa socialista ao governo de Sócrates. Este acordo com António Costa, que foi o número dois do Governo, representa indirectamente um apoio ao governo do PS», defendeu.
Um outro aspecto que mereceu dúvidas por parte destes bloquistas foi o ponto relacionado com o plano e orçamento camarários. Gil Garcia teme que o BE não tenha liberdade de voto no que concerne a estas matérias.
O dirigente bloquista adiantou ainda que um grupo de elementos eleitos para a Mesa Nacional irá divulgar uma posição conjunta, esta quarta-feira, contra o acordo entre o PS e o BE na autarquia.
«Não se pode ignorar que este acordo, estas eleições tiveram uma dimensão nacional que terá implicações nas próximas eleições em 2009, tanto as autárquicas como as legislativas», salientou.
Também Isabel Faria, da área sindical, fez uma leitura nacional do acordo em Lisboa, mostrou incompreensão quanto à atitude de Sá Fernandes e salientou que dificilmente entende a «disponibilidade por parte do Bloco» para acordos com o «PS de António Costa».
«Como é que em 2009 nos afirmamos como alternativa socialista ao Governo do PS se na Câmara de Lisboa apoiamos um presidente da câmara que foi o número dois do Governo PS», interrogou.