O CDS-PP quer que a ministra da Cultura explique no Parlamento o afastamento da directora do Museu de Arte Antiga. Entretanto, o presidente do Instituto Português de Museus explicou que foi uma divergência de opiniões que esteve na base deste afastamento.
O CDS-PP quer ouvir a ministra da Cultura no Parlamento a propósito do afastamento de Dalila Rodrigues, directora do Museu de Arte Antiga, apenas a um mês do final da sua comissão de serviço.
Ouvida pela TSF, a deputada centrista Teresa Caeiro considera que se está a assistir a uma «purga de dirigentes da área da cultura ao melhor estilo estalinista».
«Temos assistido desde a tomada de posse deste governo a uma sucessão de exonerações, de afastamentos, de uma verdadeira purga de personalidades de reconhecidíssimo mérito. Cada exoneração e afastamento é mais polémico que o outro», considerou.
Opinião semelhante tem o social-democrata José Amaral Lopes, que entende que «quem tem a 'ousadia' de manifestara a sua posição, seja ou não competente, esteja ou não esteja a prosseguir o interesse público, passa que não está de acordo com o Governo e é afastado».
Este membro da Comissão Política do PSD lembrou os afastamentos de António Lagarto, do Teatro D. Maria II, de Rui Pereira, do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, de Paolo Pinamonte, do Teatro de São Carlos, e o arquitecto Rodeia, do IPPAR.
«Mesmo que tenham currículo, capacidade, prestígio reconhecido por toda a gente, não estão de acordo - 'rua'. Estamos a voltar um pouco atrás ao 'quero, posso e mando'. Há aqui um excesso de autoridade, o não aceitar de contributos divergentes. Não há nenhuma razão de interesse público que pareça que possa justificar este afastamento», concluiu.
Entretanto, o director do Instituto Português dos Museus (IPM) admitiu que foi uma divergência de opiniões com a directora do Museu de Arte Antiga que esteve na origem do afastamento de Dalila Rodrigues.
«Há uma divergência de opiniões muito grande em relação ao modelo de gestão do Instituto e dos museus entre a dra. Dalila Rodrigues e eu próprio», explicou Manuel Bairrão Oleiro, em declarações à TSF.
O responsável máximo do IPM explicou que perante esta divergência de opiniões, e para que se pudesse manter a estabilidade do museu, era preferível propor à ministra da Cultura outro director para o Museu de Arte Antiga.
Para Manuel Bairrão Oleiro, esta substituição seria melhor do que obrigar a actual directora do Museu de Arte Antiga a «ter uma nova comissão de serviço de mais três anos a aplicar um sistema de gestão que desejavelmente a dra. Dalila Rodrigues gostaria de ver alterado, mas que não foi alterado».