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BE questiona nomeações de dirigentes

O líder do Bloco de Esquerda questionou esta sexta-feira, na Assembleia da República, o Governo sobre a nomeação para cargos públicos de coordenação na área da saúde de personalidades que têm funções dirigentes no privado. Em resposta, José Sócrates disse que Francisco Louçã tem um «problema com a verdade».

Durante o debate mensal no Parlamento, o deputado do Bloco de Esquerda confrontou o primeiro-ministro com alguns casos em que o Governo nomeou pessoas para desempenharem cargos de responsabilidade no sector público, quando, simultaneamente, têm interesses no privado.

Francisco Louçã mencionou o caso do coordenador nacional para as doenças oncológicas, Joaquim Pereira Gouveia, que, segundo o BE, é também «coordenador da unidade oncológica do hospital Cuf Descobertas».

O BE levantou ainda outros dois casos: o do coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Ricardo Seabra Gomes, que dirige o serviço cardiovascular dos hospitais privados portugueses, e do programa MediaSmart, que prevê o ensino de publicidade a crianças entre os 6 e 11 anos e que é coordenado pelo director-geral da Nestlé.

«Pode-se fazer as duas coisas, dirigir o sector privado e definir estratégias nacionais públicas? Há uma diferença, o sector privado é de alguns, o público é de todo», criticou Louçã.

Na resposta, José Sócrates disse «que em todas as nomeações que o Governo faz, os critérios utilizados são os da competência e da qualidade das pessoas».

«Não temos nenhum preconceito contra o sector privado e lamento muito que essa questão tão obsoleta ideologicamente ainda pese tanto como carga ideológica, diria mesmo, como 'canga' ideológica no BE», defendeu.

Mais tarde, aos jornalistas, o primeiro-ministro deu uma resposta mais curta, considerando que as «intervenções do sr. deputado Franscisco Louçã só têm um problema, que é o problema com a verdade».

Voltando a reagir a Sócrates, o deputado bloquista disse estar «totalmente comprometido com a verdade a este respeito, pelo que, se o sr primeiro-ministro não sabe, não comenta».

Entretanto, contactado pela TSF, o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Manuel Delgado, disse desconhecer os casos citados por Louçã, mas sublinhou que, em termos gerais, não vê qualquer incompatibilidade.

Redação