Pedro Santana Lopes defende o adiamento das directas no PSD, marcadas para sexta-feira. O antigo líder social-democrata considera que o clima instalado antes das eleições é «inqualificável» e pouco propício à realização do escrutínio.
Santana Lopes apela ao «bom senso» e considera que é precisamente este factor que tem faltado nos últimos dias ao PSD.
«Nunca vi eleições terem lugar numa democracia a sério sem os cadernos eleitorais serem estáveis, portanto acho que o bom senso num caso destes mandaria adiar as eleições, realizarem-se num quadro destes não é próprio de uma democracia, porque o primeiro princípio é saber quem elege», disse.
O antigo líder social-democrata pede para alguém colocar ordem na casa que é o PSD, nem que seja um órgão exterior ao partido.
«A própria Comissão Nacional de Eleições, o tribunal constitucional, um tribunal administrativo, é preciso fixar as regras e depois haver mais um período de uma semana ou quinze dias para as pessoas as cumprirem», adiantou.
Para Santana Lopes é de primordial importância definir o «caderno eleitoral», que deve ser aceite pelos dois candidatos à liderança do partido.
«Quem não aceita não concorre, quem aceita concorre e cala-se, porque estar a discutir regras eleitorais a dois dias das eleições, não faz sentido nenhum», prosseguiu.
Santana Lopes não toma partido nem por Marques Mendes nem por Luís Filipe Menezes, os dois candidatos que se apresentam às eleições internas de sexta-feira, mas deixa uma palavra para Manuela Ferreira Leite.
«Era de bom senso a presidente da mesa do Congresso pedir ao Conselho de Jurisdição, ou os dois em conjunto, dizerem adiamos eleições até estar claro quem tem direito a voto», afirmou.
O ex-líder social-democrata rejeitou estar a criticar aquela responsável, considerando que Manuela Ferreira Leite «deve estar a ponderar, espero que até ao dia de hoje seja tomada alguma posição, pode ser tomada na véspera, mas quanto mais em cima pior».
No remate desta conversa com os jornalistas, Pedro Santana Lopes deixou mais uma consideração: «É evidente que quem está a tirar proveito de tudo são os nossos adversários. O problema são as consequências no futuro do PPD-PSD. Uns são elites, outros são plebeus, outros são não sei quê, mas todos misturados Santa Maria, mãe de Deus. Que espectáculo!».
Ouvido pela TSF, Marques Mendes rejeitou comentar as declarações do antigo líder, alegando não as conhecer.