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Ferreira Leite «tirou o tapete» a Marques Mendes

Marcelo Rebelo de Sousa considera que um dos factores que contribuíram para a vitória de Menezes nas directas do PSD foi a falta de apoio expresso a Marques Mendes por parte de "barões" do partido e de Manuela Ferreira Leite. Marcelo diz ainda que houve falta de confiança do eleitorado em Marques Mendes.

Marcelo Rebelo de Sousa pronunciou-se, este domingo, sobre o resultado das directas do PSD, e que elegeram Luís Filipe Menezes como o novo líder do partido, para dizer que Manuela Ferreira Leite «tirou o tapete» a Marques Mendes e o deu a Menezes ao não manifestar o seu apoio público ao ex-líder do PSD.

«Acho que Manuela Ferreira Leite tem uma experiência política suficientemente longa para saber que prometer dizer o seu sentido de voto e não o fazer e não esclarecer a utilização do seu nome por um candidato teve um peso decisivo a favor desse candidato», considerou Marcelo Rebelo de Sousa no seu programa semanal na RTP1, «As Escolhas de Marcelo».

Para Rebelo de Sousa, este não apoio expresso a Marques Mendes da ex-ministra das Finanças, e de outros "barões" do partido, foi um dos factores que deram a vitória a Luís Filipe Menezes.

Para Marcelo, outro dos factores que contribuíram para o resultado foi a falta de confiança do eleitorado na capacidade de Mendes de vencer as próximas legislativas e, sobretudo, o facto do ex-líder não ter rompido totalmente com a "linha populista" de Pedro Santana Lopes.

O professor admitiu, também, que se enganou ao avaliar a atitude dos militantes do PSD sobre a mudança de comportamento do autarca de Gaia em relação às polémicas com quotas e cadernos eleitorais.

O comentador político sublinhou ainda que a campanha interna para as directas deu uma «péssima» imagem do PSD e que «não podia ter corrido pior».

«Não se discutiu o país, não se discutiram temas nacionais, só questões internas», lamentou, considerando que com as directas se perdeu o debate político.

Menezes será adversário mais fácil para Sócrates

O ex-presidente social-democrata considera que o novo líder do PSD será um adversário mais fácil para o primeiro-ministro José Sócrates, salientando que Menezes «tem as mãos atadas em duas ou três questões essenciais».

«O referendo europeu foi à vida, já disse que não o considerava necessário; a descida de impostos foi à vida; quanto à regionalização, não me admirava que Menezes avançasse alinhando com a vontade de Sócrates», disse.

Quanto à disputa para a direcção do grupo parlamentar, com eleições marcadas para 18 de Outubro, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu para os problemas de ter Pedro Santana Lopes - que não se excluiu desta disputa - na liderança da bancada.

«Cria um partido com dois líderes, um dentro do Parlamento e outro fora», defendeu.

Rebelo de Sousa considerou, também, que Meneses deve manter-se como presidente da Câmara Municipal de Gaia e antecipa que Marques Mendes poderá renunciar ao cargo de deputado e largar a vida política.

Sobre as relações do novo líder do PSD com Belém, Marcelo Rebelo de Sousa é da opinião que Meneses vai ser mais incómodo para Cavaco Silva do que o era Marques Mendes.

«Cavaco vai ter de receber Menezes e vai ser mais 'entalado' por ele do que era por Marques Mendes. Não verá com grande simpatia, mas não vai dizer uma palavra, acho eu», afirmou.

Redação