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PSD não deve pedir descida de impostos

A ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, defendeu este sábado, no discurso que realizou no Congresso do PSD, que o partido não deve pedir a descida dos impostos, porque dessa forma estará a «avalizar a política do PS».

Perante os congressistas, Manuela Ferreira Leite aconselhou prudência aos sociais-democratas: «Não podemos pedir a baixa de impostos. É necessário haver condições para isso».

Para a social-democrata se o PSD defender esta posição está a «avalizar a política do PS».

«Estamos a dizer que são tão bons que entre 2005 e 2007 passaram de um défice de seis por cento para três ou então somos irresponsáveis e se é esse o caso não temos capacidade para ser governantes. Se fossemos para o Governo não teríamos condições para baixar os impostos» reiterou.

A social-democrata afirma que o PSD não se deve deixar levar pela «onda eleitoralista», porque o país não está preparado para esta redução.

«Já não é só um problema eleitoralista, é um problema económico, não se pode estar a pedir sacrifícios às pessoas e de seguida fazer aquilo que eleitoralmente interessa, mas que economicamente não é possível», adiantou.

A argumentação de Manuela Ferreira Leite teve resposta de Luís Filipe Menezes que dirigindo-se aos congressistas deixou uma mensagem

«Ela explicou bem, porque defende aquela posição, eu tenho explicado bem, porque defendo a posição que defendo», disse o presidente do PSD, que considera que perante o actual cenário económico não se devem reduzir os impostos, mas a culpa desta situação é dos socialistas.

«Se eventualmente tivéssemos governado desde o início da legislatura a nossa política não tinha sido essa, mas perante a situação concreta vemos que a consolidação orçamental se está a fazer concretamente à custa dos impostos cada vez mais gravosos sobre os portugueses e à custa de uma total incapacidade de liderar com esse monstro que é a despesa pública», acrescentou.

Outra das linhas em termos de estratégia, defendida por Manuela Ferreira Leite, é que o PSD não deve lançar «a questão fracturante» da regionalização, «não deve servir de lebre ao PS» nesta matéria.

«Levanta-me sérias dúvidas que seja uma questão a ser levantada por nós. É uma questão fracturante no partido e na sociedade», salientou.

Outro assunto que não deve ser abordado pelos sociais-democratas, acrescentou Manuela Ferreira Leite, é o referendo ao Tratado da União Europeia.

«A questão devia ser deixada ao PS. Qual o interesse do PSD em ter uma campanha em que andará de braço dado com o PS? É tudo o que menos nos interessa», referiu.

Quanto a estas questões o líder social-democrata, Luís Filipe Menezes, deixou para mais tarde uma resposta concreta.

Na intervenção deste sábado, Ferreira Leite apelou também ao fim das críticas no PSD e em resposta às farpas de Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que faria tudo igual.

«É do comportamento de cada um de nós que se faz a imagem do partido e é bom que esta questão fique totalmente esclarecida fora dos momentos de crise, para que não seja factor de agravamento quando as crises se instalam. Refiro-me às críticas que me foram dirigidas neste acto eleitoral, mas devo dizer que apesar delas eu teria feito exactamente o mesmo, porque o fiz em consciência e liberdade», salientou a social-democrata.

Redação