Toda a oposição está de acordo, menos o PSD que não encontra, de momento, motivos para que o ministro da Justiça e o Procurador-geral da República (PGR) sejam chamados ao parlamento, na sequência da polémica sobre as escutas telefónicas ilegais.
A audição de Alberto Costa e Pinto Monteiro na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdade e Garantia foi primeiro exigida pelo CDS-PP. Entretanto, PSP e o Bloco de Esquerda já anunciaram que vão viabilizar este pedido.
O PSD, no entanto, não concorda. O deputado Luís Fontoura não entende a necessidade de explicar as palavras de Pinto Monteiro.
«Não percebo porque é que se há-de ir ao parlamento explicar isto, nem percebo o que o ministro da Justiça tem a ver com a entrevista do Procurador-Geral da República», salientou o deputado.
Luís Filipe Menezes justificou esta atitude com o facto do PSD pretender salvaguardar a imagem do Procurador-geral da República. Os sociais-democratas nada farão «para beliscar a autoridade» de Pinto Monteiro ou «abrir uma querela para colocar em causa a sua figura», disse Luís Filipe Menezes.
No entanto, o líder do PSD disse que o partido pode «vir a tomar uma posição ligada à questão das escutas», reconhecendo que o PSD tem «alguma preocupação» em relação à forma como são realizadas as escutas pela PSP e pela GNR.
O pedido de audição do ministro e do Procurador foi feito no seguimento da entrevista de Pinto Monteiro ao semanário Sol, na qual o PGR diz que há «excesso de escutas» telefónicas em Portugal, admitindo que ele também possa estar sob escuta.