A presidente da Casa Pia foi ouvida durante toda a tarde no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. Uma audição a Joaquina Madeira que acontece depois de ter admitido que há suspeita de abusos sexuais que envolvem alunos da instituição. À saída, Joaquina Madeira não prestou qualquer declaração aos jornalistas.
A presidente do Conselho Directivo da Casa Pia, Joaquina Madeira, chegou ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa cerca das 14:15, começou a ser ouvida pelas 15:00, houve a meio da tarde um intervalo para café e a audição terminou por volta das 18:00.
Joaquina Madeira foi ouvida pelo procurador João Guerra, a quem foi entregue a investigação sobre novas suspeitas de abusos sexuais envolvendo alunos da Casa Pia de Lisboa.
À saída e à entrada da audição, Joaquina Madeira recusou prestar qualquer declaração.
Em entrevista à RTP no dia 15 deste mês, a presidente da Casa Pia admitiu que, face à recente suspensão de um educador, «há indícios e suspeitas de abusos sexuais envolvendo alunos da instituição», corrigindo declarações anteriores.
Joaquina Madeira falava no Programa Grande Entrevista da RTP, um dia depois de ter sido tornada pública a suspensão preventiva de um educador de juventude da Casa Pia, devido a indícios de «violação grave» do dever de protecção das crianças.
Na entrevista, a responsável admitiu que, por detrás desta suspensão, está a suspeita de indícios de abusos sexuais, mas adiantou que nada está provado, não podendo, por isso, afirmar que existam.
Joaquina Madeira referiu que este novo episódio com um educador da instituição a leva a corrigir declarações proferidas em Outubro após uma entrevista da antiga provedora da Casa Pia, Catalina Pestana, ao semanário Sol, na qual esta afirmava não ter «dúvidas nenhumas de que ainda existem abusadores internos na Casa Pia de Lisboa».
Poucos dias depois destas declarações da antiga Provedora, Joaquina Madeira garantia, em entrevista à agência Lusa, que não tinha indícios de novos abusos sexuais dentro da instituição.
Na entrevista à RTP, Joaquina Madeira disse que corrigia as suas declarações anteriores. «Claro, neste momento, digo que há indícios e, por isso, actuei imediatamente. Neste momento, circunscreve-se a esta situação concreta e vou redobrar as minhas informações para ver se há outros. Como tenho feito sistematicamente», referiu.
Contudo, Joaquina Madeira esclareceu que este caso da suspensão de um educador do Lar Cruz Filipe não coincide com os dados que Catalina Pestana tinha, uma vez que os indícios de que falava a antiga provedora referiam-se ao Colégio Maria Pia.
Joaquina Madeira salientou ainda que, relativamente a este caso, «nada se passou no interior da instituição» e, quanto ao exterior, «existem apenas suspeitas».