O secretário-geral do PCP criticou a reforma da gestão escolar que o primeiro-ministro anunciou, esta terça-feira, no Parlamento. Jerónimo de Sousa considera que se trata de «um golpe à escola democrática» e acusou o Executivo de esquecer o ensino especial.
Jerónimo de Sousa afirmou que o novo sistema anunciado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, no debate mensal, com o tema da Educação, «é mais um golpe à escola democrática».
«É voltar aos tempos do velho director de escola que determina e decide tudo, com o aplauso de satisfação da direita», acusou.
Num comentário à troca de acusações entre o líder da bancada do PSD, Santana Lopes, e o primeiro-ministro, sobre o novo sistema de gestão escolar, Jerónimo de Sousa pediu, em tom irónico, «deixem-se de fitas».
«Apetece dizer, deixem-se de fitas porque no essencial estão de acordo. O PS andou dois anos a desestabilizar a escola pública (...) e agora encontrou uma solução que mais parece uma modernidade às arrecuas», salientou.
Na resposta, o primeiro-ministro recusou que a reforma represente um regresso ao passado, frisando que «o director escolar» [no tempo do Estado Novo] era nomeado pelo ministério.
José Sócrates reiterou que o director executivo de cada escola passará a ser escolhido por concurso pelo respectivo órgão colegial, tendo sempre que ser um professor.
Jerónimo de Sousa questionou José Sócrates sobre o ensino especial, adiantando que as novas políticas nessa área «afastaram 50 por cento de professores» e «40 mil alunos que deixaram de caber na novas definições de necessidades educativas».
Sobre o ensino especial, o primeiro-ministro contrapôs que o Governo «aumentou o número de técnicos e de terapeutas» e garantiu que no presente ano há um grupo de docentes a dar formação a mais professores nesse campo.