O ainda chefe do Executivo da Galiza, Manuel Fraga Iribarne, afirmou esta terça-feira que «não haverá nenhum tipo de impugnação« à contagem dos votos dos emigrantes, no mesmo dia em que socialistas e nacionalistas se comprometeram a formar governo.
«Esta manhã falei com quem podia ter alguma ideia sobre o assunto; não faz qualquer sentido, os resultados foram divulgados e nós respeitamo-los como bons democratas», afirmou o veterano líder do Partido Popular (PP) que assim falhou o seu quinto mandato consecutivo à frente dos destinos da Galiza.
Tudo dependia de 30.905 votos na província de Pontevedra, onde o PP obteve 49,7 por cento dos votos, o Partido Socialista de Galiza (PSdeG) conseguiu 43,7 por cento e o Bloque Nacionalista Galego 4,1 por cento.
Estas percentagens em nada mudaram o resultado final das eleições de dia 19. O PP ganhou as eleições com 37 deputados, falhando a maioria absoluta por um mandato. PSdeG com 25 deputados e BNG com 13 alcançam assim a maioria.
Emilio Pérez Touriño, líder dos socialistas, e Anxo Quintana, máximo responsável do BNG, já confirmaram que vão formar um Executivo de coligação, «um governo de mudança», como afirmou Pérez Touriño.
O líder socialista manifestou, perante os seus apoiantes, que a contagem de votos dos emigrantes ratificou um «resultado inequívoco, uma vontade maioritária do povo da Galiza a favor da renovação democrática e da mudança».
Pérez Touriño disse que existe a «oportunidade» para formar um Governo «que acredita que a diversidade não é um problema» e que não tem medo de reconhecer que «a Espanha é um estado plurinacional».
Por seu lado, Anxo Quintana assegurou que depois da contagem definitiva sente «tranquilidade depois de uma semana pouco edificante», assinalando que o ocorrido demonstra «a necessidade de mudar o sistema eleitoral» na Galiza.
Em declarações à rádio Cadena SER, Quintana coincidiu com Touriño em que o PSdeG e o BNG têm «a obrigação» de tentar «com todas as forças» alcançar um pacto de Governo, pois, «ninguém entenderia o contrário e a sociedade galega votou nesse sentido».
Na conferência de imprensa, Quintana acrescentou que «não pode haver condições, nem exigências à partida» para formar a coligação e que este não é o momento indicado para «falar de cargos».
Para o líder nacionalista, o futuro Executivo deve lograr que a Galiza «passe a ser protagonista na política estatal e não só espectadora», obter o pagamento da «dívida histórica que o Estado tem para com a Galiza em termos de infra-estruturas, serviços de saúde, educação, tecnologia e emprego», levando a cabo uma «regeneração democrática para acabar com o compadrio, o caciquismo e o clientelismo».