O Parlamento alemão recusou, esta sexta-feira, por maioria uma moção de confiança apresentada pelo chanceler Gerhard Schroeder, permitindo a realização de eleições legislativas antecipadas em Setembro.
A moção apresentada por Schroeder recolheu 296 votos contra, 151 votos a favor e 148 abstenções, falhando assim a necessária maioria absoluta de 301 votos para ser aprovada.
O próprio chanceler, que resolveu provocar eleições antecipadas por considerar que o seu Governo deixou de ter o apoio necessário para prosseguir a política de reformas sociais, absteve-se na votação, tal como os ministros do seu gabinete e a maior parte dos deputados do SPD (Partido Social-Democrata).
Após este resultado, Schroeder proporá ainda hoje ao Presidente da República, Horst Koehler, a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições.
Koehler terá então três semanas para decidir, e se aceitar a sugestão do chanceler deverá marcar a data das eleições antecipadas até 22 de Julho.
Schroeder justificou a apresentação da moção de confiança com a falta de margem de manobra do seu Governo para prosseguir as reformas sociais.
Para continuar a aplicar a chamada Agenda 2010, que inclui numerosos cortes sociais, muitos dos quais já em vigor, «é imprescindível a legitimação através de eleições», disse o chanceler.
A derrota do SPD nas eleições regionais da Renânia do Norte-Westfália, a 22 de Maio, «foi o fim amargo de uma cadeia de dolorosas derrotas», disse ainda o chanceler, justificando a decisão de antecipar a ida às urnas de Setembro de 2006 para o Outono deste ano.
Várias vezes interrompido por forte aplausos das bancadas dos partidos do Governo, Schroeder reconheceu que a derrota no mais populoso Estado federado do país, onde o SPD governava há 39 anos consecutivos, gerou polémica quando ao prosseguimento das reformas sociais, no interior do seu próprio partido.
O que estava em causa, segundo Schroeder, «era a questão de saber se as reformas da Agenda 2010 eram necessárias ou se ela devia ser retirada».
O chanceler admitiu assim que um dos motivos para apresentar a moção de confiança e optar por antecipar as eleições foi as críticas de que foi alvo dentro do SPDl, sobretudo por parte da ala esquerda do histórico partido.
Outra razão para escolher o caminho das eleições antecipadas foi, sublinhou o chanceler, «o bloqueio destrutivo» da oposição democrata-cristã e liberal aos projectos-lei do governo na segunda câmara legislativa, o Bundesrat, onde conquistaram a maioria absoluta, depois de sucessivas vitórias nas eleições regionais.