O funeral do brasileiro abatido por engano pela polícia britânica realiza-se esta sexta-feira. As autoridades brasileiras lançam duras criticas ao modo como o governo britânico está a lidar com a situação.
Jean Charles de Menezes, o brasileiro de 27 anos abatido pela polícia britânica por engano, vai hoje a enterrar na cidade de Gonzaga, Estado de Minas Gerais.
Duas mil pessoas participaram, quinta-feira, no velório, tendo sido decretado feriado municipal.
Autoridades brasileiras acusam governo britânico
A decisão do Governo britânico de revelar, quinta-feira, que o visto do brasileiro estava caducado causou muita irritação nas autoridades brasileiras.
O executivo brasileiro considera de «extremo mau-gosto» e classifica de «oportunismo» a divulgação da notícia, considerando que o governo de Tony Blair está a adoptar uma estratégia de manipulação da opinião pública para ilibar a polícia de qualquer responsabilidade sobre a morte de Jean Charles.
Esta acusação foi lançada por fontes diplomáticas ao jornal «Estado de São Paulo», que revela ainda que as relações entre os dois países estão definitivamente a piorar.
Tudo começou quando o consulado brasileiro, em Londres, tardou para ser informado pelas autoridades britânicas da morte de Jean Charles.
Depois, foi a demora por parte de Jack Straw em receber o ministro Celso Amorim que causou irritou em Brasília.
O ministro das Relações Exteriores apenas foi recebido na segunda-feira à tarde. O jornal garante que este encontro foi marcado por um clima de «mal-estar».
As declarações de Tony Blair, que tentou justificar a actuação da polícia, também caiu mal junto do governo brasileiro.
Há ainda sérias dúvidas sobre a independência da investigação que está a ser feita pela polícia londrina à morte de Jean Charles.
Fontes ouvidas pelo «Estado de São Paulo» já avisaram que Brasília poderá mesmo decidir enviar um Procurador da República para acompanhar as investigações.