O publicitário responsável pela campanha de Lula da Silva admitiu ter recebido dinheiro numa conta nas Caraíbas. Duda Mendonça diz que esta foi uma imposição de Marcos Valério e que se não fosse desta forma não receberia o seu dinheiro.
O escândalo do «Mensalão» no Brasil ganhou, na quinta-feira, novos contornos após o publicitário responsável pela campanha de Lula da Silva ter admitido que recebeu parte do pagamento de um «saco azul» do Partido dos Trabalhadores.
Perante a comissão que investiga este caso, Duda Mendonça reconheceu que recebeu 11 milhões de reais (cerca de 3,8 milhões de euros) numa conta bancária das Baamas, mas afirmou que não havia outra hipótese para receber este dinheiro.
«Eu fiz uma campanha completa, a gente tinha de receber. Ou eu recebia assim ou tomava um cano (não recebia). Tinha fornecedores a pagar e um nome a zelar», explicou o publicitário.
Duda Mendonça acrescentou ainda que o pagamento através da conta do paraíso fiscal das Caraíbas foi uma imposição de Marcos Valério, um dos nomes principais no escândalo «Mensalão».
«Eu posso ter cometido um equívoco, um lapso, um erro fiscal. Mas não cometi um erro de honestidade, um erro de carácter», continuou Duda Mendonça.
Marcos Valério já negou que alguma vez tenha obrigado Duda Mendonça a abrir uma conta nas Baamas e que tenha remetido o dinheiro para essa conta.
A revelação de Duda Mendonça já levou um grupo de 15 parlamentares do Partido dos Trabalhadores a divulgar um comunicado a demonstrar um «veemente repúdio ao criminoso esquema de financiamento de campanha progressivamente revelado após sucessivos depoimentos».
Os deputados entendem que aquilo que foi feito «afronta a ética na política, trai a esperança de mais de 52 milhões de votos concedidos em 2002 e frusta a realização dos verdadeiros compromissos assumidos pelo PT».
O deputado do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) Álvaro Dias considerou mesmo que a «alternativa do 'impeachment' tem que ser discutida», embora não a deseje.