A Espanha não põe de parte a hipótese de que o helicóptero que se despenhou no Afeganistão tenha sido alvo de um ataque exterior. Esta posição foi assumida numa altura em que se sabe que um segundo helicóptero espanhol também esteve envolvido no acidente.
O ministro da Defesa espanhol, José Bono, não afasta a hipótese de o helicóptero espanhol que hoje se despenhou no Afeganistão, matando 17 militares, ter sido alvo de «um ataque exterior».
Durante a conferência de imprensa onde foram divulgadas as identidades dos militares espanhóis, Bobo explicou que, inicialmente, o Estado-Maior da Defesa considerou tratar-se de um acidente, mas depois de ver imagens dos destroços admitiu que tenha havido "um ataque do exterior".
«Num primeiro momento, considerou-se exclusivamente a hipótese de acidente. Através de fotografias, porém, vimos que se tratava de uma zona muito montanhosa, mas o impacto aconteceu numa zona plana. É por essa razão que não descartamos absolutamente que possa ter-se tratado de um ataque exterior», explicou.
Apesar desta posição, responsáveis da NATO indicaram já que a queda do helicóptero se deveu a um acidente e adiantaram que um segundo helicóptero espanhol também esteve envolvido no acidente mas conseguiu aterrar em segurança.
De acordo com o ministro espanhol, os dois helicópteros participavam numa operação - que terminava precisamente esta terça-feira - de integração das Forças Armadas espanholas na missão da Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão (ISAF).
Os feridos resultantes do acidente foram, entretanto, transportados para um hospital em Herat, onde está destacado um contingente italiano, segundo informações disponibilizadas pelo porta-voz da ISAF.
Notícia causa consternação em Espanha
A notícia das mortes dos militares espanhóis causou profunda consternação entre a liderança política e militar espanhola.
O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, interrompeu hoje as férias nas Ilhas Canárias e regressou a Madrid para acompanhar o caso.
Por seu turno, o Rei Juan Carlos e a restante família Real manifestaram-se «profundamente impressionados e consternados» com o acidente.
Já o presidente do PP, Mariano Rajoy, expressou «dor e pesar» pelas mortes, lembrando que os militares «deram a sua vida numa missão de pacificação» e reafirmou o seu apoio total às forças armadas espanholas.
A morte dos 17 militares eleva para 114 o número de espanhóis mortos em operações militares no estrangeiro, desde 1993, a maioria dos quais perdeu a vida em acidentes.
A maioria dos militares espanhóis no país pertence à Brigada Ligeira Aerotransportada (BRILAT) e o último batalhão a seguir para o Afeganistão, de 85 efectivos, partiu há quatro dias de Santiago de Compostela.