O último colonato judeu dos 21 que existiam na Faixa de Gaza foi hoje evacuado, anunciou o porta-voz da polícia israelita. Entretanto, a Autoridade Palestina exige saber os planos de Israel quanto à livre circulação de pessoas e bens.
A informação foi dada depois da retirada dos últimos habitantes do colonato de Netzarim, que começou hoje de manhã e passou por um "braço-de-ferro" das autoridades com centenas de extremistas de direita até estes serem metidos em nove autocarros blindados do exército.
Com a saída de 62 famílias de Netzarim chegaram ao fim três décadas de colonização israelita da Faixa de Gaza, que ficaram marcadas por uma derradeira oração na sinagoga local, em que participaram militares e civis.
Os autocarros do exército seguiram para Jerusalém, onde os seus ocupantes vão rezar junto do Muro das Lamentações antes de serem alojados em residências provisórias no colonato de Ariel, na Cisjordânia.
Em Netzarim, o exército terá de retirar até 01 de Setembro os bens deixados para trás pelos colonos, supervisionar a destruição das casas até 08 de Setembro e coordenar a transferência para a Autoridade Nacional Palestina (ANP), estando previsto o abandono definitivo de
Israel a 04 de Outubro.
Dúvidas quanto à livre circulação de bens e pessoas
As autoridades palestinas têm criticado o facto de Israel não lhes transmitir qualquer informação sobre a livre circulação de pessoas e bens de e para Gaza, assim como em relação quanto ao aeroporto local e à construção do terminal portuário de Rafah, fronteiriço com o Egipto.
Entretanto, vários deputados da direita ultra-nacionalista israelita injuriaram hoje o primeiro-ministro, Ariel Sharon, durante um debate da Comissão Parlamentar de Defesa e Negócios Estrangeiros, por causa das compensações atribuídas aos oito mil colonos judeus retirados da Faixa de Gaza.
Na Faixa de Gaza vivem 1,3 milhões de palestinos, a maioria refugiados e os seus descendentes.