A ONU chegou a acordo sobre uma série de questões na véspera da cimeira que marca os 60 anos da organização. O melhor falhanço deu-se na questão da não proliferação nuclear, algo que Kofi Annan reconheceu como sendo uma «vergonha».
A Assembleia-geral das Nações Unidas chegou a acordo para a reforma da organização e do desenvolvimento.
O documento de 35 páginas alcançado ao cabo de braço de ferro diplomático intenso na véspera do início da cimeira mundial da organização, que faz 60 anos.
O secretário-geral da ONU explicou que este é um bom documento, que nos poderá servir de base para continuarmos os nossos esforços», apesar de reconhecer que se poderia ter ido mais além.
Contudo, Kofi Annan não deixou de considerar muito mau o facto de não ter havido qualquer acordo no que diz respeito à não proliferação nuclear.
«É uma vergonha. Falhámos pela segunda vez neste aspecto», acrescentou o líder da ONU sobre um documento, em que também foram aprovados mais de forma muito ligeira pontos relativos aos direitos humanos e terrorismo.
O texto inclui uma referência ao facto de haver a intenção de se criar um Conselho dos Direitos do Homens para substituir a actual comissão, que está desacreditada, contudo, os pormenores sobre este conselho, como o mandato, funções e composição, foram remetidos para mais tarde.
Sobre o terrorismo, o falhanço foi ainda maior, pois nem sequer houve acordo a definição de terrorismo proposta: «matar civis com objectivos políticos é terrorismo».
Apesar disto, houve acordo quanto à intenção de criar uma comissão de consolidação da paz, encarregada de impedir que países que saem de conflitos não voltem a estes. A composição desta comissão, que deverá estar operacional em 2006, ainda não foi definida.
O documento aprovado faz ainda referência à responsabilidade de cada Estado de proteger as suas populações contra genocídios, crimes de guerra ou contra a humanidade, bem como contra limpezas étnicas.
Sobre o desenvolvimento, o texto reafirma o propósito de cumprimento dos chamados «Objectivos de Desenvolvimento do Milénio», que tem como intenção reduzir a grande pobreza até 2015.
Há ainda um pedido inscrito a todos os países para que melhorem a sua governação para poderem receber ajuda financeira e poderem reduzir a sua dívida.
Os EUA e a Rússia consideraram que o acordo alcançado é um bom início, apesar de os norte-americanos entenderem que se poderia ter ido mais longe.
Por outro lado, organizações não-governamentais como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional consideraram o acordo pouco satisfatório, nomeadamente do que diz respeito aos direitos humanos.