Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia ainda não conseguiram chegar a acordo sobre o documento orientador das negociações com a Turquia. A abertura deste processo, prevista para esta tarde, vai ser adiada, segundo fonte comunitária.
Os 25 ministros dos Negócios estrangeiros estiveram reunidos entre as 10:30 e as 11:00 locais. Depois o encontro foi interrompido para almoço e espera-se que seja retomado ainda esta tarde.
Uma fonte comunitária deu conta de «avanços» nos contactos para um acordo sobre as negociações de adesão da Turquia, mas disse que a cerimónia de abertura, prevista para as 16:00 de Lisboa, tem de ser adiada.
A Áustria, que impôs na semana passada a referência nesse documento orientador das negociações a uma alternativa à adesão, manteve-se esta segunda-feira isolada na oposição ao difícil acordo alcançado em Dezembro de 2004 pelos Estados membros, incluindo o chanceler austríaco, Wolgang Schuessel.
O quadro negocial defendido pelos restantes 24, Portugal incluído, prevê que «o objectivo comum das negociações é a adesão» da Turquia, embora salvaguarde que deve ser «processo aberto e sem garantias».
Desta forma, as negociações podem concluir-se sem que os 25 concordem com a adesão da Turquia, embora orientem as negociações nesse sentido.
A Turquia, que tem contestado reiteradamente qualquer alteração aos objectivos propostos, afirmou esta segunda-feira que mantém as suas posições e não tenciona ceder.
«Quero sublinhar particularmente que nós mantemos, e vamos continuar a manter, a nossa posição (face à UE), uma posição que está em conformidade com os nossos princípios políticos e com os nossos interesses», disse o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
«A UE precisa tanto da Turquia como a Turquia precisa da UE», acrescentou Erdogan, que falava durante uma reunião de deputados do seu partido, o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento) em Kizilcahamam, 80 quilómetros a noroeste de Ancara.
Entretanto o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw, admitiu no Luxemburgo que a negociação para a entrada da Turquia na União Europeia (UE) «está numa fase dura e difícil», cujo resultado é imprevisível.
«Espero que possamos fazer progressos, mas não posso dizer se vamos de facto fazer progressos. Tudo depende da posição da Áustria», disse o chefe da diplomacia britânica.
Por sua vez, o ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, disse acreditar que os franceses são «mais favoráveis a uma parceria» da Turquia com a União Europeia (UE) do que uma adesão, solução defendida pelo presidente, Jacques Chirac.