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Imigrantes abandonados no deserto

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão a denunciar a existência de «cerca de 500 imigrantes abandonados à sua sorte no deserto do sul de Marrocos», na fronteira com a Argélia. A SOS Racismo diz que pelo menos 24 subsaarianos morreram à fome nesta zona.

Javier Sandro, dos Médicos Sem Fronteiras em Espanha, conta o que se está a passar com estas pessoas depois de terem sido expulsas dos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila.

«Encontrámos mais de 500 imigrantes, entre os quais mulheres e crianças», adiantou este médico, salientando que existem pessoas feridas, algumas delas que tiveram que ser hospitalizadas.

O responsável diz que esta situação surgiu devido à tentativa de saltar a fronteira e à repressão da polícia espanhola e marroquina.

Entretanto o Ministério do Interior marroquino confirmou que foram devolvidos quinta-feira a Marrocos 73 cidadãos subsaarianos que chegaram a Melilla na derradeira tentativa de entrada maciça em território espanhol.

Diversas organizações não governamentais haviam já denunciado que as autoridades marroquinas estão a transportar os imigrantes ilegais, detidos no seu território, para zonas desérticas para criar obstáculos a novas tentativas de entrada no espaço europeu.

A repatriação destes imigrantes foi possível graças à reactivação, quarta-feira, de um acordo entre Espanha e Marrocos, assinado em 1992.

O Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, já disse esta sexta-feira que esta organização está atenta e já iniciou «contactos estreitos» com as autoridades espanholas e marroquinas para garantir a protecção a estes imigrantes.

António Guterres considera que é preciso «permitir um acesso físico aos pedidos de asilo e garantir o estatuto de refugiado a quem tiver direito a ele». De qualquer forma, adianta que se tratam de imigrantes maioritariamente económicos.

O Alto-comissário anunciou ainda o envio em breve de uma missão do ACNUR a Marrocos para avaliar a situação.

Redação