Saddam Hussein não se identificou perante o tribunal especial iraquiano que o está a julgar devido a um massacre ocorrido em 1982 no país. Na primeira sessão do julgamento, o ex-ditador disse não reconhecer o tribunal que o julga.
Saddam Hussein recusou, esta quarta-feira, a identificar-se perante o Tribunal Especial Iraquiano que o está a julgar na sequência do seu envolvimento no massacre de Dujail a par de outros sete seus antigos altos funcionários.
«Não te reconheço, nem a ti, nem ao tribunal a que presides. Também não reconheço a agressão contra o Iraque e conservo o meu direito constitucional, como presidente do Iraque, a não responder às tuas perguntas, pois o que é construído sobre o vazio é vazio», disse o antigo ditador iraquiano.
O ex-presidente, que se fez acompanhar por uma velha cópia do Corão e foi o último a entrar na sala, dirigia-se ao presidente do tribunal, o curdo Rizkar Mohammed Amin, nomeado para julgar este caso.
Saddam insistiu ainda que a «ocupação» em curso no país é «ilegítima» e questionou a identidade e o objectivo deste tribunal criado pelas autoridades norte-americanas em 2003 para julgar os líderes do antigo regime iraquiano.
O antigo vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan, um dos outros arguidos neste caso, também declinou responder às perguntas do tribunal, afirmando que a sua «identidade tinha sido roubada».
A sessão acabaria por ser suspensa minutos mais tarde, devido a problemas com o som na sala, antigamente usada pelo partido único do poder, o Baas, na agora altamente protegida Zona Verde de Bagdad.
A seguir a esta interrupção, Saddam Hussein e os restantes sete seus antigos altos funcionários afirmaram não ser culpados do crime que lhes é imputado.