Está instalada a crise política na Guiné-Bissau. Nino Vieira demitiu o Governo e pretende formar um executivo de iniciativa presidencial, mas a constituição guineense não permite que os presidentes formem governos de base alargada.
Numa polémica entrevista à Radio France, há dois dias, o recém eleito presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira disse que não ia dissolver o parlamento mas que pretende formar um governo presidencial.
No entanto, a constituição da Guiné-Bissau não permite esta iniciativa presidencial, a não ser em situações de excepção, ou seja, se o parlamento for dissolvido.
Mesmo assim, Nino Vieira já pôs as tropas na rua a ocupar todos os ministérios. Esta segunda-feira, são vários os ministérios que não estão a funcionar porque o exército não deixa os funcionários entrarem nos edifícios.
"Nino" Vieira, demitiu sexta-feira o Governo do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, alegando «crispação das relações» entre os órgãos de soberania, «nomeadamente entre o governo e alguns serviços sensíveis e básicos do Estado».
"Nino" Vieira começou a ouvir no domingo os partidos políticos para o processo de nomeação do novo primeiro-ministro, e consultou hoje o Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas de Março do ano passado, que voltou a indicar o nome de Carlos Gomes Júnior para o cargo.
Crise deve resolver-se no «contexto constitucional», diz Sampaio
O Presidente da República, Jorge Sampaio, manifestou hoje a esperança de que a crise política na Guiné-Bissau após a destituição do governo possa resolver-se «no contexto constitucional existente».
Em conferência de imprensa após um encontro com o seu homólogo moçambicano, Sampaio acrescentou que é importante uma solução que «permita, ao mesmo tempo, que a comunidade internacional mantenha vivas e actuantes as promessas de apoio ao processo de consolidação Democrática» da Guiné-Bissau.