A noite de domingo para segunda-feira revelou-se uma das mais violentas desde que os distúrbios começaram a 27 de Outubro. Mais de 1400 viaturas foram incendiadas, a polícia efectuou quase 400 detenções e mais de 30 polícias ficaram feridos.
A noite de domingo para segunda-feira foi uma das piores das duas ultimas semanas de distúrbios iniciados nos arredores de Paris a 27 de Outubro.
Segundo o balanço feito pela polícia francesa, mais de 1400 viaturas foram incendiadas na décima primeira noite consecutiva de tumultos, tendo sido efectuadas 395 detenções. Os distúrbios registados na última noite na região parisiense causaram ainda 34 feridos ligeiros entre a polícia.
Os piores incidentes ocorreram em Grigny, a sul de Paris, onde cerca de 200 jovens saíram à rua armados com pedras e caçadeiras. Ontem, os incidentes começaram ainda antes do anoitecer. A meio da tarde já eram visíveis carros incendiados e vários edifícios vandalizados.
Segundo o enviado especial da TSF a Paris, João Cepeda, a cidade de Paris acordou esta manhã ainda muito assustada.
A zona sul da capital francesa revelou-se uma das mais problemáticas, enquanto que noutras zonas da cidade já se fez sentir algum do reforço policial prometido pelas autoridades.
Um sindicato da policia francesa já pediu ao governo francês que imponha o recolher obrigatório nas áreas mais atingidas pela violência que peça a intervenção do exército para ajuda a controlar as multidões.
Segundo os jornais franceses esta é uma hipótese que não é descurada pelo governo francês que, ainda esta segunda-feira, promete apresentar um pacote de medidas contra esta onda de violência.
A violência deste domingo surgiu depois do presidente francês, Jacques Chirac ter manifestado publicamente, naquela que foi a sua primeira intervenção sobre o assunto, «o desejo da República em ser forte e derrotar este problema».
Para a noite desta segunda-feira é também aguardada com alguma atenção a intervenção do primeiro-ministro francês Dominique de Villepin.
Numa reacção a determinadas posições que atribuem a militantes islamitas a organização destes distúrbios, uma das maiores organizações islâmicas francesa emitiu um comunicado onde condena veemente os actos de violência das últimas semanas e apela à calma entre os jovens muçulmanos.
Para o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, uma das razões para os distúrbios reside na lei que proíbe o uso de véu islâmico nas escolas públicas francesas. Uma lei que, diz Erdogan, contribuiu para o sentimento de exclusão das comunidades de emigrantes e que acabou por incentivar a violência.