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Angola é «um país pacífico» 30 anos depois

No dia em que se assinalam os 30 anos da independência de Angola, o presidente angola disse que a situação actual permite «encarar com optimismo» a realização das próximas eleições. José Eduardo dos Santos salientou também que o país vive hoje em paz.

No discurso que proferiu na cerimónia comemorativa do 30º aniversário da independência de Angola, o presidente Eduardo dos Santos deixou a promessa de tudo estar a fazer para que se realizem eleições de acordo com critérios democráticos.

«A realidade que o país hoje vive permite encarar com optimismo a realização das próximas eleições. Estamos a criar condições materiais, institucionais e psicológicas para que elas sejam livres, transparentes e com elevado grau de participação, sem constrangimentos nem pressões de qualquer natureza», afirmou o chefe de Estado, sem referir a data de realização do acto eleitoral.

O escrutínio será o segundo na história do país e tem sido previsto para 2006, mas os sucessivos atrasos na sua preparação, que adiaram o recenseamento eleitoral para o início do próximo ano, têm levantado crescentes dúvidas quanto à possibilidade de ser cumprida aquela meta.

No Estádio da Cidadela, José Eduardo dos Santos realçou ainda que os partidos políticos e coligações devem participar «livremente e em pé de igualdade» no processo eleitoral, deixando ainda um apelo à tolerância.

«Peço que (os partidos e coligações) dirijam mensagens de tolerância e respeito pelas normas de civismo aos seus militantes e simpatizantes», pediu o presidente.

O chefe de Estado reafirmou, a propósito de tolerância, o empenhamento do governo na reintegração social e produtiva dos ex-militares da UNITA e seus familiares, num processo que já abrangeu cerca de 400 mil pessoas.

Eduardo dos Santos começou o discurso com uma referência a Agostinho Neto, que considerou ser «a figura cimeira da luta de libertação», fazendo depois uma retrospectiva histórica dos 30 anos de independência do país.

«Angola independente, livre e senhora do seu destino foi o sonho realizado em 1975, Angola em paz e democrática foi o sonho tornado realidade em 2002, Angola unida e próspera é o sonho que podemos realizar, é a nova caminhada que começou», afirmou José Eduardo dos Santos.

Relativamente à reabilitação das infra-estruturas destruídas pela guerra, José Eduardo dos Santos considerou que o programa do governo para os próximos três anos «pode ser um factor catalisador da economia», já que, não só permitirá a circulação de pessoas e bens, como também criará muitos milhares de postos de trabalho.

A aposta do Governo deve basear-se também «na educação e na saúde, como elementos essenciais do desenvolvimento humano e factores capazes de contribuir para o aumento da riqueza e do bem-estar social».

Na área da saúde, o presidente angolano defendeu a necessidade de promover a formação de mais médicos, enfermeiros e gestores, que possam dar utilidade aos centros de saúde e hospitais que vão ser reabilitados e construídos em todo o país.

«Angola tem actualmente, em média, um médico por cada 10 mil habitantes, quando o ideal seriam, pelo menos, 13 médicos para aquele número de pessoas», salientou.

Um outro objectivo do governo passa pelo ordenamento do território e pelo restabelecimento da administração pública em todo o país.

A concluir o discurso, José Eduardo dos Santos frisou que Angola «é um país pacífico», que mantém relações de amizade e cooperação com quase todos os países do mundo e que pretende continuar a ser um «factor de paz e segurança regional e mundial, um parceiro justo e disposto a partilhar interesses na construção de um mundo cada vez melhor para todos».

As cerimónias comemorativas dos 30 anos de independência de Angola contaram com a presença de vários convidados estrangeiros, entre os quais cerca de uma dezena de chefes de Estado, um dos quais o presidente português, Jorge Sampaio.

Redação