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Gorbachov denuncia «paralisia de ideias» da comunidade internacional

Mikhail Gorbachov está céptico em relação às relações internacionais. O ex-Presidente da antiga União Soviética considera que há uma «paralisia de ideias» da comunidade internacional na resolução de problemas e lamentou a falta de uma «nova ordem mundial», 15 anos depois da Guerra Fria.

Gorbachov inaugurou na cidade espanhola de Granada (sul) o seminário "Mediterrâneo: Encontro e Aliança de Civilizações", um fórum organizado pelo World Political Forum ao qual preside e que procura estabelecer pontes entre a Europa e o mundo árabe e aprofundar a ideia de aliança de civilizações.

«Há uma paralisia de ideias. Ouvimos declarações e iniciativas, mas tudo está parado», afirmou o pai da "perestroika" que se mostrou muito crítico com as políticas neoliberais e unilaterais e a incapacidade destas para superar as desigualdades e a pobreza.

Durante dois dias, políticos, sociólogos e filósofos vão analisar e debater alguns dos grandes problemas actuais e o futuro da comunidade mundial.

Na opinião de Gorbachov, o mundo precisa que «se comecem a tomar decisões já».

De acordo com o antigo Presidente da extinta União Soviética, «o maior problema regional e universal é a falta de decisão».

Num contexto político em que «nos limitamos a fazer declarações e a não decidir nunca nada, estamos a contribuir para a existência de uma linha de pensamento único», acrescentou.

Alianças e diálogo em vez de «bloqueios»

Para Gorbachov, as sociedades vivem na incerteza e no medo porque não percebem para onde vai este mundo «onde as ondas de instabilidade são provocadas cada vez mais, desde o 11 de Setembro, por actos terroristas».

A resposta a esta nova situação não foi a melhor, acrescentou o antigo presidente soviético, dando como exemplo «o caso do Iraque», onde a invasão militar, «longe de conseguir a esperada estabilidade, levou a um conflito ainda maior, que não se sabe como vai terminar».

Por isso, considerou fundamental que se encontrem «novas soluções para situações novas e graves», aproveitando para elogiar a iniciativa do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, sobre a criação de uma aliança de civilizações.

A ideia «merece que as melhores mentes do mundo pensem nela», caso contrário a comunidade internacional continuará a «agarrar-se à política de força e de bloqueio» em detrimento do diálogo.