Os trabalhadores da Autoeuropa em Palmela aceitaram congelar os salários e trabalhar menos dias para evitar o despedimento de mais de 800 funcionários. O plano foi votado na terça-feira e passou com mais de 60 por cento.
António Chora, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa diz que este foi um acordo importante: «para mim foi importante ter ganho o "sim" porque é o resultado de um trabalho que a comissão de trabalhadores desenvolveu durante cerca de três meses de negociação. Sabemos que permite salvar várias centenas de postos de trabalho».
O pré-acordo foi apresentado aos trabalhadores em quatro plenários, dois em cada turno.
A informação foi fundamental: «verificou-se que havia uma certa falta de informação por parte das pessoas, havia muita curiosidade em saber os termos do acordo ao pormenor, muitas pessoas não compreendiam a questão de ficarem com 22 dias vitalícios, quando é que podiam começar a ver esses 22 dias em dinheiro, como é que iam ficar 35 dias em casa se só tinham direito a 22», conta o sindicalista.
O acordo segura 800 postos de trabalho que estavam na corda bamba. Introduz o princípio das chamadas «férias forçadas» de 22 dias por ano, ou seja, mais 22 dias a somar ao habitual período de paragem. Além disso, os salários dos trabalhadores da Autoeuropa ficam congelados nos próximos dois anos. No último trimestre de 2005 todos os trabalhadores recebem um prémio de 550 euros como compensação por este esforço.
Apesar do não aumento salarial, o acordo evita uma descida directa dos ordenados da Volkswagen o que faz com que este acordo quebre mesmo uma tradição da própria empresa. Na Alemanha, no Brasil e no México, por exemplo, os trabalhadores passaram a trabalhar menos dias mas também a receber menos no final de cada mês.
António Chora acredita na retoma e no aumento da produção da unidade de Palmela: «a própria direcção vem a plenário dizer aos trabalhadores que agora vamos produzir oitenta e poucas mil unidades mas que em 2006 já se vão produzir 124 mil e em 2007 já se vão produzir 149 mil - portanto, mais 60 mil em 2007 do que em 2005. Isso mostra claramente que existe futuro».