O CDS-PP e o PSD querem explicações sobre os estudos acerca da introdução de portagens em algumas SCUT. Este pedido foi feito no dia em que o semanário «Sol» revelou que estes estudos tinham sido feitos por empresa fundada pelo adjunto do secretário de Estado das Obras Públicas.
O CDS-PP quer que o primeiro-ministro se desloque ao Parlamento para explicar de que forma é que as empresas que fizeram os estudos sobre a introdução de portagens em algumas SCUT foram escolhidas.
Em declarações à TSF, o líder parlamentar centrista considerou «chocante e imoral» a escolha de uma empresa fundada em 2001 pelo actual adjunto do secretário de Estado das Obras Públicas para fazer estes estudos, bem como os 275 mil euros pagos por este.
«Não há Orçamento de Estado neste país que resista a estudos pagos ao preço de 54 mil contos para decidir aquilo que acima de tudo é político: a decisão de se portajar SCUT», acrescentou Nuno Melo.
O dirigente centrista não percebe como foi possível gastar tanto dinheiro para se chegar a uma conclusão já há muito defendida pela oposição e que a explicação que José Sócrates tem de dar não pode ser apenas no congresso do PS.
Nuno Melo recordou ainda que o contrato com a F9 Consulting, fundada por Vasco Gueifão e quatro outros sócios, foi feita por ajuste directo, algo que o deixa perplexo. «À mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo», concluiu.
Por seu lado, o deputado Pedro Duarte (PSD) não ficou convencido pelas explicações entretanto dado pelo secretário de Estado Paulo Campos, que assegurou que o estudo feito pela empresa fundada pelo seu adjunto foi «rigoroso».
«Estamos perante uma situação delicada de um negócio suspeito. É o mínimo que se pode dizer. Na verdade, as explicações que até agora foram dadas pelo Governo são desculpas esfarrapadas. São explicações nada cabais e nada convincentes», adiantou o parlamentar à TSF.
Tal como Nuno Melo, o deputado social-democrata lembrou o facto de este estudo surgir de uma situação em que não houve concurso e «aquilo que é uma cumplicidade de circunstâncias em que membros de um gabinete de um secretário de Estado participam de um lado e outro de tudo isto tornam o negócio suspeito».
O também vice-presidente da bancada parlamentar do PSD considerou ainda que o ministro Mário Lino vai acabar por se confrontar com esta circunstância e que terá de se preparar para explicar a situação aos portugueses.
Este sábado, Paulo Campos tinha considerado uma «mistificação» e um «ataque político» a notícia publicada pelo semanário «Sol», que avançava com os dois estudos técnicos da secretaria de Estado tinha sido atribuídos à F9 Consulting por ajuste directo.
Paulo Campos lembrou que o estudo da empresa fundada por Vasco Gueifão foi «validado por uma consultora internacional reputada» e que o adjunto tinha sido contratado por ter um passado profissional de competência».
«Nego que haja uma qualquer relação entre um colaborador meu e uma empresa do mercado e nego que os estudos sejam suspeitos porque foram feitos por entidades independentes e reconhecidas no mercado», adiantou.
O secretário de Estado explicou ainda que Vasco Gueifão vendeu as acções que detinha na empresa «assim que entrou» e assegurou que o estudo feito pela F9 Consulting é «completamente transparente» e que foi conduzido pela empresa Estradas de Portugal e não pela própria secretaria de Estado.