O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas admite o fim da Docapesca como uma das alternativas para resolver a situação da empresa responsável pela primeira venda de peixe.
Jaime Silva disse à agência Lusa que pediu à administração da Docapesca para equacionar as possíveis soluções para ultrapassar as dificuldades da empresa cujos resultados têm sido quase sempre negativos nos últimos anos.
O objectivo é saber se «há alternativas, outras formas de funcionamento», acrescentou.
«Uma das hipóteses é acabar com a Docapesca», referiu o ministro, adiantando que a obrigatoriedade de venda do pescado em lota deixaria de existir em Portugal, como acontece em alguns países da União Europeia.
Outras possibilidades são abrir a venda de peixe a mais compradores ou dar a exploração da empresa a organizações de produtores.
Quanto a uma eventual privatização da empresa, o ministro que tutela as Pescas frisou que somente «duas das lotas seriam interessantes», a de Peniche e a de Matosinhos.
Quanto à vertente de «apoio social» da Docapesca, ao cobrar os impostos aos pescadores e ao adiantar-lhes algumas verbas de venda do peixe, Jaime Silva explica que «isso custa dinheiro ao Estado e ninguém está satisfeito» com a situação.
Para o governante, a actual forma de funcionamento «não serve para garantir o rendimento aos pescadores nem garante o peixe mais barato aos consumidores».
Aliás, a percentagem de peixe que passa nas lotas face às quantidades consumidas pelos portugueses não é tão relevante como se pensa, porque muito do pescado é importado, por exemplo de Espanha, explicou.
O consumo de pescado fresco ou refrigerado é 180,4 mil toneladas (peso na descarga) em Portugal, e desta quantidade, as importações atingem cerca de 56,5 mil toneladas, segundo dados do Ministério.
A aquicultura contribui com 6,5 mil toneladas de pescado.
Nos últimos anos, a Docapesca tem apresentado sucessivamente prejuízos, com excepção de 2003, quando conseguiu um resultado positivo de 730 mil euros.
Segundo os relatórios e contas da empresa, no ano passado, o prejuízo foi de 1,995 milhões de euros contra 1,845 milhões em 2004.
Para 2006, a administração da empresa prevê novo resultado negativo, de 1,5 milhões de euros.
A Docapesca tem 14 delegações em todo o país, 20 lotas e 50 postos de vendagem.