Os hospitais-empresa não conseguiram conter o endividamento, que cresceu 82 por cento entre 2003 e 2004, diz o Tribunal de Contas. Mesmo assim, este tribunal diz que estas estruturas são mais eficientes e têm mais qualidade.
Os hospitais-empresa têm mais eficiência e qualidade que os hospitais tradicionais, mas não conseguirem conter o endividamento nem os défices, concluiu um relatório do Tribunal de Contas que analisou 27 das 31 estruturas deste género existentes em Portugal.
Segundo o Tribunal de Contas, o endividamento destes hospitais cresceu 82 por cento entre 2003 e 2004, algo que a continuar a verificar-se obrigará a um financiamento líquido por parte do Estado, que terá como consequência o agravamento das contas públicas.
No seu relatório, este tribunal revela ainda que o dinheiro que os Hospitais SA receberam na sequência da sua transformação jurídica foi usado para pagar despesas correntes, o que não contribuiu para tornar viáveis estas estruturas.
Falhas na informação tratada pelo Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde e pela já extinta Unidade de Missão Hospitais SA também foram assinaladas pelo TC, que propôs no seu relatório a criação de um sistema de informação adequado.
Para o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, o relatório do Tribunal de Contas é «arrasador», sendo por isso necessário rever todo o sistema de financiamento dos hospitais.
«Precisamos de criar condições para que os hospitais recebam em função daquilo que produzem com base critérios justos porque muitos hospitais são financiados com base em critérios que não conseguem compensar a sua actividade», explicou Manuel Delgado.
Em declarações à TSF, este responsável defendeu também o fimdaquilo que classificou como «formas de subsidiação mais ou menos veladas de subsidiação de alguns hospitais».
Manuel Delgado adiantou que essas formas de subsidiação acontecem de programas de convergência, «que provocam alguma falta de transparência no próprio processo de financiamento».