Balanço foi feito pelos sindicatos a meio do primeiro dia de paralisação. Roque da Cunha, do SIM, diz que esta união deve levar o primeiro-ministro a intervir junto do ministro da Saúde.
A greve nacional dos médicos registou durante a manhã de quarta-feira uma adesão superior a 80%, segundo o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), um dos que convocou a paralisação de dois dias.
O balanço foi feito pelo secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, aos jornalistas, no hospital de Santa Maria, em Lisboa.
O dirigente sindical indicou que há vários blocos operatórios encerrados no país e, apesar de se escusar a entrar "numa guerra de números", apontou para uma adesão superior a 80% neste primeiro dia de paralisação.
Roque da Cunha salientou que esta união manifestada pelos clínicos deve levar o primeiro-ministro a intervir junto do ministro da Saúde para que se sente à mesa das negociações.
O dirigente sindical lembrou que os sindicatos dos médicos já assinaram vários acordos com o governo e espera da parte do ministro da Saúde a mesma colaboração.
Por sua vez, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares afirmou que cirurgias e consultas são as mais afetadas pela greve dos médicos, mas revelou que muitas foram antecipadas ou reagendadas por iniciativa dos clínicos que aderiram ao protesto.
Os hospitais, disse Alexandre Lourenço, tentaram minimizar o impacto da greve nos utentes, uma vez que, principalmente em relação às cirurgias, estes são "momentos importantes da vida das pessoas". "É importante dar um sinal de normalidade aos utentes, garantindo que estes têm os serviços que precisam", adiantou.
A paralisação foi convocada pelos dois sindicatos médicos para hoje e quinta-feira e é a primeira destes profissionais de saúde que enfrenta o ministro Adalberto Campos Fernandes.
Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) reivindicam um conjunto de 30 pontos e queixam-se de que o Governo tem empurrado as negociações ao longo de um ano, sem concretizações, e demonstrando falta de respeito pelos profissionais.
Limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e diminuição do número de utentes por médico de família são algumas das reivindicações sindicais.
Os sindicatos também querem a reposição do pagamento de 100% das horas extra, que recebem desde 2012 com um corte de 50%. Exigem a reversão do pagamento dos 50% com retroatividade a janeiro deste ano.
O Ministério da Saúde tem dito que não negoceia sob pressão e considera-se empenhado no diálogo com os sindicatos médicos.