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O direito de ficar calado

O silêncio é, por vezes, a única arma que um cavalheiro pode usar para se defender no meio da algazarra. O direito de ficar calado quando toda a gente fala permite pelo menos dar tempo ao tempo para que o próprio tempo faça pelo menos alguma justiça.

O caso da comissão parlamentar de inquérito às demissões da polícia judiciária é revelador das mais mesquinhas traições e, antes que o assunto saia das primeiras páginas, é preciso que alguém tire pelo menos uma conclusão.

A conclusão de que os cidadãos tem que ser protegidos dos próprios deputados. Porque está hoje provado que foram os próprios parlamentares a revelar o que se passou numa reunião à porta fechada dando aos jornalistas versões assassinas e desencontradas do que lá se passou.

Como jornalista quero declarar que não acredito em fontes que falam depois de terem feito voto de silêncio. E acho que qualquer cidadão tem o direito de ficar calado quando for inquirido em qualquer futura comissão parlamentar de inquérito.

Porque esta semana ficou provado que há deputados capazes de tudo e permitam-me por isso que lance aqui a sugestão de que seja criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao Comportamento dos Deputados que não se

souberam comportar na Comissão Parlamentar de Inquérito às Demissões na Policia Judiciária.

Palavras Cruzadas

Crónica diária, de segunda a sexta, às 10h30m

Redação