O país político que andava à procura do défice nas contas do estado descobriu finalmente o monstro na Casa Pia. Mesmo com alertas de Bruxelas já em 1989, quando o pedófilo belga Marc Dutroux foi detido, Portugal ficou praticamente à margem do grande choque europeu.
Paulo de Almeida Sande lembra o caso no Diário de Notícias de hoje e foi de facto o défice de responsabilidade que permitiu abafar o escândalo.
Chegou, por isso a altura de encararmos a realidade para que Portugal não seja a tal anarquia mansa, sem lei e sem destino de que fala Vasco Pulido Valente. É por isso que o apelo do Prof. Costa Andrade faz todo o sentido. Temos que julgar as responsabilidades políticas dos responsáveis neste caso.
Mas as responsabilidades políticas não são apenas dos eleitos. Os eleitores também são culpados do desleixo e sobretudo deste clima de caça a figuras públicas abstractas que elegemos como bodes expiatórios das culpas privadas de cada português.
Tem por isso toda a razão o Procurador Geral da República quando diz que o importante não é encontrar culpados importantes. O importante, diz Souto Moura é encontrar os verdadeiros culpados sejam eles figuras públicas ou não. De resto, basta olhar para a súbita fama do Bibi para ver como um anónimo se transforma rapidamente na figura mais conhecida do país.
Palavras Cruzadas
Crónica diária, de segunda a sexta, às 10h30m