Economia

Centeno cita Galileu: "a verdade é filha do tempo e não da autoridade"

Rafael Marchante / Reuters

Ministro considera que no caso das transferências para offshore existem dois problemas simultâneos: um técnico, outro político. Não os relaciona mas sublinha que eles "coexistem".

"Por mais decisões erradas que tomemos de não publicitação dos dados, e o tempo permitiu verificar que havia um erro", afirmou Mário Centeno na Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), que o chamou para falar sobre a polémica das transferências para offshore não controladas pelo fisco.

O comentário surgiu logo após o ministro recordar "uma frase de Galileu: 'a verdade é filha do tempo e não da autoridade'", disse.

Perante a tentativa do PSD de separar a não publicação da falta de controlo pelo fisco, Centeno puxou dos galões de economista e respondeu argumentando com a experiência em lidar com estatísticas: "é minha presunção, do conhecimento que tenho de trabalhar com dados, que se eles tivessem sido divulgados mais cedo, mais cedo se teria descoberto o erro", disse.

Para o ministro, "aquilo que dá mais qualidade às estatísticas, é o seu escrutínio, a tentativa de encontrar explicações para os fenómenos que observamos". Centeno conclui que "a não divulgação desses números é, não direi meio caminho andado, mas todo o caminho andado para que nada disto aconteça", afirmou referindo-se à decisão do governo anterior, através do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio, de não autorizar a publicação desses dados no portal das Finanças.

Admitindo que "há um erro político e um erro informático", e que não lhe cabe "concluir se os dois estão correlacionados", Centeno destaca, ainda assim, que "eles coexistem".