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UE tem o dever de enfrentar os EUA se Trump sair do acordo de Paris

Francois Lenoir / Reuters

O presidente da Comissão Europeia afirmou que é "dever da Europa" enfrentar os EUA, se o Presidente Donald Trump decidir retirar o seu país do acordo de Paris de combate às alterações climáticas.

Jean-Claude Juncker disse que "os norte-americanos não podem sair à vontade do acordo", acrescentando que "isso leva três a quatro anos".

Juncker revelou que os líderes do Grupo dos 7 "tentaram explicar isto, em frases simples, ao senhor Trump", durante a recente cimeira que tiveram em Itália e acrescentou que, apesar de "parecer que esta tentativa falhou (...), a lei é a lei".

Num ataque à Presidência norte-americana, Juncker disse à audiência de um evento na Confederação dos Empregadores Alemães, em Berlim, que "nem tudo o que está escrito nos acordos internacionais são notícias falsas".

Numa intervenção numa Universidade em Berlim, Juncker disse ser "contra que nos comportemos como vassalos da américa. Se nas próximnas horas o presidente dos Estados Unidos disser que se retira do acordo de Paris então a Europa tem o dever de dizer que isto não é correto"

Um dirigente da Casa Branca afirmou ao início do dia que Trump pretendia sair do acordo de Paris, se bem que ainda não tivesse tomado uma decisão.

Na quarta-feira, Trump declarara que sair do acordo de Paris seria uma vitória para a economia dos EUA.

Entretanto, a União Europeia e a China já reafirmaram o seu compromisso com o acordo de Paris, independentemente de os EUA saírem ou não do pacto, assegurou um dirigente da UE.

Este dirigente disse a jornalistas que a UE e a China vão dizer como tencionam concretizar os seus compromissos na luta contra o aquecimento global durante as conversações que vão manter, em Bruxelas, na sexta-feira.

Este dirigente europeu está envolvido na preparação da reunião entre o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, Juncker e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang.

Li e uma significativa delegação chinesa são esperados em Bruxelas, ao fim de quinta-feira, depois de terem mantido negociações em Berlim.

"A UE e a China estão a juntar forças para prosseguirem a aplicação do acordo de Paris e acelerar a transição global para a energia limpa", disse o comissário europeu com o pelouro das Energia, Miguel Arias Canete.

Um dirigente da Casa Branca afirmou hoje que poderia haver "condições na linguagem", anunciando a retirada do acordo, o que deixaria aberta a porta a um entendimento de que tal decisão não seria definitiva.

Esta possibilidade foi recebida de forma cética pelos eurodeputados quando o Parlamento Europeu foi informado sobre a sua existência.

"As alterações climáticas não são um conto de fadas. É uma realidade violenta, que afeta a vida diárias das pessoas", declarou o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, em comunicado.

"As pessoas morrem ou são obrigadas a sair de suas casas devido à desertificação, à falta de água, à exposição a doenças, às condições climatéricas extremas. Se não agirmos rápida e fortemente, os imensos custos humanos e económicos vão continuar a aumentar", salientou Tajani.